Meu maior desejo sempre foi poder ter uma vida leve, tranquila, com menos preocupação e cobranças, uma vida feliz. No entanto, infelizmente a vida não é um mar de fantasias e às vezes precisamos ajustar nossos desejos com a realidade, por isso segui por caminhos diferentes, mas que hoje têm se tornado parte de um passado recente. Meu nome é Paulo Cesar, tenho 46 anos e vou contar pra vocês um pouco da minha história.
Até meus 44 anos eu vivi meio perdido na vida. Perdido não significa parado, sem trabalho, não é isso. Eu fiquei estagnado, sem evolução pessoal e financeira e ao mesmo tempo super ocupado com muito trabalho e inúmeros compromissos que não me ajudavam. Tudo começou a mudar quando participei de um treinamento na empresa em que perguntaram como eu gostaria de estar após 10 anos e eu simplesmente não soube responder. A partir dali comecei a pensar sobre minha vida, o esforço que eu fazia todos os dias e, de fato, aonde eu desejava estar após 10 anos.
Para você me conhecer um pouco mais, eu sou casado faz 15 anos com a Luíza e nós temos uma filha que se chama Vitória e hoje tem 04 anos. Nós fomos pais tardios e só conseguimos ter nossa filha depois de muitos procedimentos médicos, por isso ela é nossa Vitória.
Eu sou filho único de um casal de português. Ao longo de muitos anos de trabalho eles construíram uma rede de padarias e lanchonetes aqui em Belo Horizonte, Minas Gerais, e eu fui criado tendo de tudo. Apesar disso, não quis seguir esses passos, decidi seguir caminho próprio e cursei administração de empresas sonhando em conseguir algum trabalho com salário razoável. Eu consegui. Trabalho há 21 anos num banco privado e me sinto grato por essa oportunidade. Trabalhando lá eu pude adquirir alguns bens e me manter de forma satisfatória.
Mas como você pôde ver, apesar da gratidão eu percebi que faltava algo. Confesso que não sabia exatamente o que era e só fui conhecer um pouco sobre mim depois de alguns bons longos anos quando fui em busca de autoconhecimento. Eu comecei esse processo de forma bem pessoal através de leituras de autoajuda. Foi muito bom, passei a refletir mais sobre mim, mas sentia que faltava alguma coisa com mais concretude, com mais sentido e que me impulsionasse pra mudança.
Uma amiga ao perceber minha busca pelo autoconhecimento me indicou tentar um processo psicoterapêutico. De início eu hesitei. Normal, acredito que a maioria das pessoas não gostam muita da ideia de se consultar com psicoterapeutas rs, e comigo não foi diferente. Mas eu precisava de algo mais profundo mesmo e só um processo daquele poderia me dar algum fôlego pra seguir.
Quando eu comecei na psicoterapia eu me sentia muito perdido. Lembrava com frequência do treinamento que tive na empresa e suas várias perguntas. Eu não tinha resposta pra nenhuma delas e isso era frustrante, principalmente porque algumas diziam respeito à mim.
Com o tempo, as reflexões envolvendo minha história de vida e a realidade atual que eu vivia, comecei a perceber o que de fato era importante pra mim e os valores que eu tinha e não abria mão. Isso foi fantástico. Aos poucos uma fumaça de cortina sumiu e minha visão ficou mais nítida me possibilitando enxergar com mais facilidade um futuro ao qual eu almejava viver.
Um primeiro valor reconhecido por mim em terapia foi a “família”. Nossa, como foi esclarecedor saber disso, pois minha família sempre foi muito importante.
Eu só comecei a entender um pouco mais sobre mim quando aceitei a ideia de voltar a olhar meu passado como uma atividade de investigação sobre minha história. Eu não fiquei remoendo coisas que já se foram, eu busquei lembrar de experiências relevantes, de fatos marcantes que foram peças chaves para meu desenvolvimento.
Por isso, refletir sobre o passado de minha família foi fundamental e necessário pra me fazer perceber o quanto algumas coisas desse passado foram e são importantes para quem eu me tornei, para o bem e para o mal. É por causa disso que não desejo reviver na pele de minha filha experiências do passado e assim mudanças estão sendo construídas dentro de mim.
Além do valor “família” o valor “liberdade” também veio à tona e sacudiu bastante minha estrutura enquanto profissional em uma empresa tradicional. A partir dessa descoberta reconheci alguns sentimentos que guardei de meus pais, sobretudo a presença que eles sempre tiveram em minha vida por serem autônomos. Eles tinham liberdade pra viver sua vida pessoal e eu sou grato por isso. Eu decidi não ajudá-los com administração da rede de padaria porque sentia que precisava ter minhas próprias conquistas, mas hoje penso que isso foi uma postura um pouco egoísta da minha parte e ao mesmo tempo me afastou um pouco de meu valor liberdade.
Por eu ter escolhido seguir outra carreira meus pais foram se desfazendo de algumas lojas e hoje estão com apenas 03 no centro da cidade. Eu decidi que quero retomar esse negócio da família. Eu também desejo estar mais próximo de minha família, de minha filha, isso me completa e me deixa mais feliz.
Hoje eu entendo que daqui há 08 anos eu desejo estar com mais lojas abertas. Ainda não decidi quantas, mas será mais que meus pais tiveram. Hoje eu aprendi que felicidade pode ser encontrada com sentido de vida e autoconhecimento.
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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