– Hello… Amigaaaaaaa!
Oi Rebeca, você está bem?
– Melhor impossível! Vamos fazer aquela festinha no sábado a noite de novo?
Ainda não sei, Maurício está desanimado, não tenho certeza mas ele vai estar de serviço.
– Hummmm… Tudo bem então…
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Assim eu me comunicava com a Amanda todas as semanas. Eu era a amiga confidente, aquela que a animava pra sair de casa, pra comprar roupas novas, planejar viagens com o marido, enfim viver, porque isso é importante. Nós éramos o oposto uma da outra. Eu sou comunicativa, animada, alto astral, e ela era o desânimo em pessoa, uma menina sem brilho, meio pão com ovo rs.
Há 8 anos nós saíamos juntas direto. No começo eu também era comprometida, eu tinha um namorido rs e Amanda já estava com Maurício fazia algum tempo. Depois eu terminei minha relação, mas continuei a sair com eles porque gostava da companhia.
Como eu disse, eu e Amanda éramos amigas e eu sempre a motivei a viver de forma mais leve e tentar ser mais feliz. Ela reclamava de tudo na vida, inclusive, do Maurício em muitos sentidos, principalmente no quesito atenção e sexo. Dizia que o via como um cara frio, distante, com pouco diálogo, mas extremamente comunicativo com os amigos. De qualquer forma, ela nunca teve muita credibilidade comigo, porque percebia algo de estranho nela, eu sou muito observadora.
Bem, certa vez num dos churrascos que fazíamos aos sábados, depois de beber algumas cervejas e já estarmos todos muito alegres, o Maurício me encurralou na área próxima da cozinha e me deu um beijo. Eu estando praticamente bêbada retribui e a partir daí começamos um romance escondido. Essa relação durou cerca de 1 ano e meio e quando eu menos esperava fui surpreendida pela visita do Maurício na porta do meu apartamento de mala e cuia dizendo que Amanda tinha descoberto tudo e posto ele pra fora de casa. Eu não tive outra opção a não ser aceitar, e a partir dali começamos a viver como um casal.
Hoje nós somos casados, mas agora eu quem estou insatisfeita e infeliz. A cada dia que passa eu sinto um nó na garganta me impedindo de respirar direito, me sinto errada, como uma pessoa má, alguém que será ferida mais cedo ou mais tarde. A ansiedade tem andado comigo por demais. Acordo pensando na possibilidade de ele estar me enganando, durmo pensando na nossa história e fico com medo de viver a mesma experiência da Amanda.
Assim como ela dizia ele está frio comigo também e distante demais. Pior que agora eu gosto dele e não queria perdê-lo…
Digerir essa dúvida não tem sido fácil, eu tenho me comportado como uma detetive e acompanhado cada passo dele. Isso me levou pra terapia porque me sinto culpada por essa história e ao mesmo tempo cobrada por fazer dar certo pra não reviver todo esse passado. A ansiedade parece que grudou na minha costa e não sai… parece até um espírito ruim :(…
Talvez a vida seja injusta com a gente, ou nós é quem somos injusta com ela, não sei… Eu me apaixonei pelo marido de minha amiga, me deixei envolver, traí a confiança dela e agora estou aflita pela possibilidade de reviver tudo isso na própria pele. Hoje eu também tenho uma melhor amiga, eu já conversei tantas coisas com ela (choro), vivemos muitas coisas juntas, sinto que algo pode estar acontecendo… Eu estou provando do meu próprio veneno…
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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