A história que eu vou contar aconteceu em 2016, num momento em que eu estava totalmente perdida e não vendo sentido na vida. Meu nome é Isabela, eu tenho 39 anos, sou bancária, e hoje feliz.
Hoje eu estou feliz, mas isso nem sempre foi assim, em 2016, minha vida estava passando por mudanças gigantesca e lembro que em determinado momento minha única salvação foi procurar por ajuda psicológica.
O estopim de tudo foi o filme Tô Ryca, da Samatha Schmütz, que eu assisti no cinema, porque eu saí de lá questionando o mundo rs. É, foi isso mesmo que aconteceu… Na cena em que a Selminha fala pra Luane que a vida não faz o menor sentido, eu senti aquilo como se fosse uma mensagem subliminar pra mim, eu concordei com o coração… Na verdade, minha vida já estava sem sentido fazia algum tempo e ouvir aquilo da Selminha só confirmou meus sentimentos.
Eu fiquei tão reflexiva com aquela cena que disse a minha amiga que iria ao banheiro, mas na verdade fui embora. Pedi um taxi na hora e fui chorando do Norte Shopping até minha casa no Maracanã-RJ. Depois disso, fiquei três dias totalmente in off. Eu precisava digerir a minha vida.
Depois desses três dias eu liguei o celular e estavam lá milhares de mensagens da Beta e da Aline. Elas não entenderam nada minha saída do cinema e muito menos também meu sumiço por três dias. Todavia, aquilo não tinha nada a ver com elas, mas sim comigo, por isso tentei explicar apesar de me sentir não compreendida.
Uma semana depois do ocorrido eu mandei mensagem pra Aline:
– Amiga, eu tô ficando louca???
– Que papo é esse miga? Cê tá bem?
– Acho que não, não vejo graça na vida. Me sinto desanimada, desmotivada, sem sentido algum pra viver.
– Menina esquece essas coisas. Vai até um psicólogo, procura saber o que é isso. Mas óh, eu estou aqui e você sabe.
– Tá louca! Eu não preciso de terapia. Saí pra lá. Amiga vou desligar porque o Daniel tá me chamando aqui. Um beijo!
Depois de falar com Aline fiquei pensando sobre a sugestão dela da terapia. Apesar de não curtir a ideia passei a refletir na possibilidade… “Será que realmente eu não estava precisando de terapia?”.
Depois que eu resolvi o que Daniel queria, fui para meu quarto e decidi pesquisar sobre atendimento Psicológico e agendei uma sessão.
Vou te falar… eu fui na consulta e ali eu iniciei um processo profundo de reflexão. De verdade, eu nunca tinha parado pra pensar sobre mim, sobre minha vida, minha trajetória profissional por exemplo, e muitas outras coisas.
A cada sessão de terapia eu remexia questões ignoradas a vida toda. Aspectos que me faziam encarar a vida daquele jeito que eu me encontrava, invalidando meus sonhos, a lógica do que era importante pra mim, dos pequenos sentimentos e experiência que davam sentido à minha existência.
Um dos primeiros pontos lembrados foi a necessidade de trabalhar para ajudar em casa. Para muitas pessoas fazer isso é normal, e eu até concordo com isso hoje, mas pra mim foi uma experiência bastante traumática quando aconteceu porque eu tive que desistir de uma faculdade que era um sonho pra começar ajudar em casa. Eu carreguei essa frustração por anos na minha vida.
Na época eu tinha 22 anos, meu pai foi demitido da empresa em que ele trabalhava e por não conseguir se recolocar no mercado de trabalho não teve mais condições de me manter estudando medicina. Nossa… isso foi muito difícil pra mim, foi como se eu estivesse abrindo mão de um sonho tendo a certeza absoluta que ele ruindo a cada dia. Desde que ele saiu da empresa e me avisou sobre a possibilidade de eu ter que trancar a matrícula eu já ia pra aula com uma tristeza sem fim.
Então foi assim, eu tranquei a matrícula nessa faculdade e fui trabalhar pra ajudar em casa. Meu primeiro emprego foi como vendedora de roupas numa loja de shopping e de lá pra cá eu consegui ingressar em outra faculdade e me manter nesse emprego atual. Depois desse tema eu refleti sobre muitos outros e venho percebendo o quanto vivi no piloto automático…
Na terapia eu pude perceber o quanto meus pensamentos direcionavam minha jornada. E o tanto de escuridão que fica nossa mente quanto não conseguimos conhecer e entender nossos pensamentos. O quanto nós vivemos no piloto automático, inconscientes de nós mesmos e isso é demasiado prejudicial à nós.
Eu não quis mais sair desse processo de descobertas… Passei a ser a doida da terapia que indica a experiência pra todo mundo rs… agora já parei e retornei pra terapia várias vezes pra refletir sobre outros pontos da minha vida. Verdadeiramente foi um divisor de águas pra mim.
Hoje eu ressignifiquei minha trajetória profissional, decidi seguir outra profissão também, busquei colocar sentido nas minhas atividades semanais e vejo a vida com outros olhos. Agora eu consigo ver o colorido das coisas, mesmo em meio à pandemia. A janela da minha vida está aberta pra sentir e viver o que há de melhor dessa terra. Hoje eu conheço meus pensamentos e me relaciono com ele de forma mais amigável e saudável.
Nenhum de meus contos retrata o caso de algum paciente atendido por mim. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
Se quiser falar comigo ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém entre em contato.