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Imagem do site www.pixabay.com

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Tudo parecia normal em minha vida em 2015, exceto pelo fato de eu estar em Portugal e cursando doutorado em sexualidade humana. Seguir essa área parece uma contradição na minha vida rs, quem me conhece de perto sabe. Meu nome é Renato, tenho 29 anos, sou médico urologista, tímido, solteiro compromissado, moro em Portugal, e vou contar pra vocês minha história em busca da felicidade.

Antes de tudo eu preciso explicar que estudar fora do Brasil sempre foi um sonho pra mim. Então, ao longo da faculdade eu li sobre isso e me envolvi em pesquisas pra alcançar esse objetivo. O percurso foi assim: consegui concluir minha faculdade de medicina, fiz uma residência em urologia, um mestrado em saúde ainda no Brasil, mas o doutorado eu resolvi atravessar o atlântico e experimentar uma vida nova.

Bem, sair do país em si já seria uma vida nova, mas eu fui em busca de algo mais, porque essa experiência me traria um novo título acadêmico, mas também a possibilidade de conhecer alguém pra dividir a vida. Olha, em matéria de romance eu sempre fui um desastre, desde pequeno me apaixonava e nem de longe conseguia amar de verdade quem eu amava em silêncio. A timidez me consumia e por isso o amor é algo que eu só conhecia dos filmes e livros.

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Mas algo mudou depois do dia 02 de dezembro de 2015, porque conheci uma garota num site de bate papo já pela madrugada. E antes que você fale algo sobre isso, sim, apesar de ser estranho rs eu ainda usava esse tipo de mecanismo pra conversar, era uma forma de conseguir me aproximar de alguém. Só quem é tímido sabe o que isso significa, então não me julgue. Voltando, eu já estava pra desconectar o notebook quando o site disse “lindinha entrou“. Eu tinha ficado várias horas ali apenas acompanhando e ninguém quis conversar comigo, mas logo que ela entrou me enviou um “oi” perguntando se eu queria conversar. Nesse primeiro dia ficamos mais de duas horas teclando pela madrugada, fomos dormir já era tarde e parecia que ainda tinha muito assunto pra discutir. Paramos porque a hora estava avançada, então trocamos o número de WhatsApp e desconectamos. 

Assim que desliguei o notebook me sentia estranho… estava animado, interessado de verdade e esperançoso pra conversar com ela novamente, embora inseguro e pensando que não passaria daquele bate papo gostoso. 

O dia seguinte foi normal, levantei, almocei, fui pra universidade e cheguei em casa já à noite. Lembrei da Thais quando entrei no apartamento e ri de mim mesmo pensando que mais uma vez eu tinha feito papel de otário por acreditar que uma garota se interessaria por mim. Quando cheguei em casa guardei minha coisas, tomei um banho rápido e deitei na cama bastante cansado. Quem faz pesquisa sabe como a mente fica depois de várias horas escrevendo um artigo científico e assim eu estava naquele dia, exausto.

Mas, logo que arrumei o travesseiro, me aconcheguei na cama e liguei a televisão, chegou uma mensagem dela e eu li rapidamente. Era uma mensagem simples, direta inclusive, mas pra mim parecia o céu. Ela dizia: “- E aí, como foi seu dia?”. Eu li aquilo e pulei da cama. Dancei sem música e me senti o cara mais foda da terra só porque tinha sido respondido no dia seguinte hahahah. Que coisa, não rs? Era só uma mensagem, mas pra mim significava muito. 

Depois que meu êxtase passou, quando eu já estava mais calmo, respondi a Thais e novamente ficamos até altas horas da madrugada conversando. Pelo WhatsApp deu pra ver uma foto e ela era linda, tinha cabelo cacheado, uma bochecha rosada e tinha uma conversa divertida por sinal.  Eu, claro, me apaixonei de cara.

Thais era vendedora em uma loja de roupa em São Paulo, trabalhava num shopping e disse que o sonho dela era vir pra Portugal, por isso entrava nessas salas de bate papo pra conhecer pessoas que foram em busca do mesmo sonho. Eu achei a ideia muito interessante e, de certa forma, parecida com a minha, embora eu tivesse a motivação do estudo também. Nós tínhamos objetivos em comum, era tudo o que eu procurava…

Passado três meses de conversas pelo WhatsApp, muitas videoconferências e com certa intimidade, já falávamos em namoro e assim decidimos que ela viria à Lisboa pra nos conhecermos de verdade. A insegurança nessa época ainda me acompanhava e por isso demorei a confirmar a data pra recebê-la. Por uma questão de custo ela decidiu ficar no meu apartamento, o que era assustador.

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Olha, essa era uma condição embaraçosa pra mim, pois, embora eu cursasse doutorado em sexualidade, na verdade eu nunca havia estado com uma mulher na vida, e ela, a Thais, já jogava umas conversas no ar sobre sexo, principalmente porque sabia que essa era minha área de estudo. Quando eu me dei conta fiquei B-O-L-A-D-Ã-O, vulgo, muito nervoso, pensando na possibilidade de fazer merda porque, afinal de contas, nem beijar eu sabia e, enquanto tudo isso se passava dentro de mim, ela aguardava minha confirmação. Daí em diante, a um clique da felicidade, eu comecei a me sentir desesperado, assim iniciou minha peregrinação em busca de ajuda pra lidar com a ansiedade.

Faltando um mês pra vinda da Thais pra Portugal eu se quer conseguia dormir. Ficava pensando diversas vezes que seria uma perda de tempo tudo aquilo que eu estava fazendo, que ela viria pra minha casa, eu seria um péssimo namorado e eu estragaria tudo. Muitas ideias passavam pela mente… [E se ela não gostar do meu beijo?], [E se eu for ruim na cama?], [Como eu vou conseguir falar pra ela que eu sou virgem com 26 anos?], [Será que vale a pena contar isso pra ela?], [E se ela me achar um imbecil por estudar sexualidade e nunca ter transado?]. Eram muitas dúvidas, essas aqui são apenas algumas, a minha cabeça parecia fervilhar e por causa disse eu até cogitei a possibilidade de desmarcar o encontro.

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Tive ideias mirabolantes pra justificar esse possível cancelamento, mas tudo o que eu falava para a Thais ela justificava e contestava. Meu desespera foi tanto que passei a pesquisar na internet sobre o que fazer. Virei noites procurando uma cura mágica, algo que me ajudasse a dormir, a esquecer as dúvidas e medos que estavam rondando minha mente, alguma atividade que ajudasse a me concentrar no trabalho porque eu já não estava mais conseguindo produzir nada. Até que me dei conta de estar acessando vários sites de psicólogos e assim resolvi agendar uma consulta.

Bem, aqui estou depois disso… Agora as coisas caminham mais calmas… eu encontrei a Thais, nós ficamos juntos, aliás estamos juntos faz um anos e meio e eu continuo visitando o psicólogo pra entender minha mente e acalmar meus pensamentos.

Essa foi minha história em busca da felicidade.

Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.

Se quiser falar conosco ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém entre em contato.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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