Sua vida é baseada em AFETOS reais?

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É simplista dizer que vivemos em um mundo líquido, isso já está mais do que claro. É chato se negar a encarar o que a globalização fez de nós. Estamos dentro dessa Matrix, aonde nada mais é igual. Viver de saudosismo é bancar o “tiozão” que enche o saco no almoço de domingo. Viver de negacionismo e fingir que nada disso é real é estar em desarmonia com o mundo atual.

O mundo mudou, é real. Mas isso precisa mesmo estar sempre em pauta na roda de amigos sendo colocado como algo negativo?

Quero saber de você, aqui em que mundo você vive? Na sua época ou encarando a realidade do jeito que é? O mundo é aqui e agora!

O que vivemos no passado tem um gostinho só nosso que os jovens e as crianças nunca sentirão.

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Já pensou você sair de uma empresa e depois de anos rever os amigos que ficaram e todos trazerem assuntos que você não conhece mais sobre a empresa? Acredito que você ia se sentir um peixe fora d’água, né mesmo?

Quando você se arma pra impor o que você viveu no passado e esbravejar que era o melhor tempo os jovens que te escutam não fazem ideia do que isso significa para você. É como se fosse grego para eles. Quando não conhecemos algo ou evitamos determinada experiência, nosso cérebro não responde aos estímulos. A ideia de negação muitas vezes de viver aqui e agora aceitando que a vida passa pode ser um sintoma de inadequação a nova realidade, é minimamente uma certa inflexibilidade de aceitar o novo.

Tudo que você viveu no passado não precisa ser imposto sobre a mesa porque foram essas experiências que te formaram. Elas são valiosíssimas para nós e merecem ser preservadas de forma que quando o mundo não nos compreender a gente se afugenta nas recordações que ninguém pode nos tomar.

Só você sabe o que guarda. Aquela sensação do futebol em dia de chuva, naquele campinho enlameado é sua, que maravilha. O cheirinho de mato verde sendo cortado ainda é melhor aroma que você já sentiu. E seus pés pisando naquele campo que só poeira se via e ainda a dor que você passava toda vez que o chão arrancava a tampa do seu dedo, que dor né…as brincadeiras de boneca até seus doze anos, o pique esconde que você aproveitava sempre para beijar a pessoa que você gostava, lembra?

Que lembranças boas, que vida boa apesar das dificuldades que provavelmente você passou. Tudo isso deve estar como sua reserva para serem lembradas e revividas por você. O outro, os jovens atuais jamais saberão desse tesouro guardado aí dentro de você e não merece ser compartilhado com quem não quer ouvir e por quem nunca esteve lá.

No entanto, tenha costumes e amigos velhos, mas não se feche aos afetos reais do aqui e agora.

Iranir Fernandes
Iranir Fernandes
Iranir Fernandes ψ - Psicóloga (CRP 05/54281), Palestrante, Escritora e Pós Graduanda em Psicologia Junguiana. Tem experiência de atendimento individual, casal e orientação de família. Trabalha com a abordagem Analítica de Carl Gustav Jung em atendimentos presenciais (Rio de Janeiro) e Online. Coautora do livro "A mulher negra e suas transições".

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