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O tema do nosso texto de hoje é Esquema Mental. Você sabe o que é? Já ouviu falar neles?

Na perspectiva da Psicologia Cognitivista, a mente humana é formada por Esquemas Mentais. Podemos dizer que um esquema mental armazena vários processos psicológicos, como, por exemplo, pensamentos, crenças, sentimentos e emoções. Trata-se de conteúdos inconscientes, portanto não acessados por nós facilmente, tal como nossos pensamentos conscientes.

Por sua característica inconsciente, esses esquemas influenciam nossa vida sem que percebamos. Na verdade, tudo o que somos, nossas escolhas, o direcionamento que damos pra nossa vida, é sempre consequência desses esquemas. Eles sempre surgem quando ativados influenciando nossa mente consciente.

Os esquemas mentais existem pra gente ter a noção de nós, ou seja, saber quem somos, formar o nosso Eu, assim como, para nos auxiliar nas experiências da vida. Portanto, desde crianças a cada novo aprendizado estamos desenvolvendo novos esquemas e assim superando as dificuldades com eles. Acontece que muitos esquemas podem se tornar disfuncionais e atrapalhar sobremaneira nossa vida, principalmente na fase adulta.

A carga emotiva de um esquema é gigantesca e parece que eles funcionam como se fossem partes de nós vivendo de forma autônoma na nossa cabeça. Seria como pessoas diferentes vivendo dentre de nossa mente. Assim, quando ativados, funcionariam como uma personalidade paralela, muitas vezes até diferente de nosso comportamento habitual. Eles são ativados por inúmeros gatilhos e tomam nossa consciência influenciando nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Quanto mais tempo passamos sem conhecimento desses esquemas, mais possibilidades temos de sofrer por causa deles. Muitas doenças psicológicas podem surgir por conta deles e muita gente se atrapalha na vida pessoal e profissional por causa dos esquemas que têm…

Quer ver como o esquema mental atrapalha nossa vida?

Imagine que Juliana e Marcos são casados e estão com problemas no relacionamento porque Juliana sente a ausência do marido no dia a dia. Certa vez, assistindo a um filme, os personagens começam a conversar sobre atenção no relacionamento e, de forma espontânea, João sugere o que o marido do filme devia fazer. Imediatamente após o comentário Maria se enfurece, tranca a cara, pois pensa que se ele sabe o que aquele marido devia fazer por que não colocava em prática em seu próprio casamento. Ela sente raiva, muita raiva.. e assim surge uma briga.

A história acima foi contada pra exemplificar como um esquema pode ser ativado numa situação corriqueira da vida. O tema “Atenção conjugal” era um Esquema Mental para Maria, ou seja, ele era carregado de pensamentos, sentimentos, emoções, crenças que ela guardava na mente e quanto surgiu um gatilho ele foi ativado e acabou gerando uma nova briga. Assim os esquemas agem em nossa vida…

Aqui eu coloco mais exemplos pra você conhecer outros esquemas:

A ideia do que é ser MÃE pode ser considerado um esquema mental, pois por trás dessa ideia existem inúmeros pensamentos, crenças sobre o que vem a ser uma mãe, além de sentimentos e emoções. Podemos também dizer que ser professor é um esquema mental, pois a maioria de nós sabe o que é ser um professor e em algum momento ativa esse esquema quando vai ensinar algum conteúdo pra outra pessoa. Assim como o esquema de Mãe, o esquema de Professor também tem inúmeros pensamentos, crenças, sentimentos e emoções voltados para o que é ser professor.

Existem esquemas que podem ser disfuncionais como o de “Abandono”, “Autossacrifício”, “Defectividade”, etc. e todos eles agem em nossa vida. Quando um paciente tem o esquema mental de abandono, ele enxerga a vida através dessa lente e toda vez que um gatilho aciona esse esquema, ele se sente abandonado e acaba tomando determinada decisão por conta das emoções resultantes desse esquema. Assim também acontece com o esquema de Autossacrifício, pois quando ativado o paciente acaba abrindo mão de coisas ou situações importantes em prol do outro e isso pode acarretar grandes problemas para si.

Pacientes com esquemas disfuncionais de defectividade geralmente tem baixa autoestima e vem para o consultório por conta dos sentimentos desse esquema. Muitos desses pacientes não se sentem bem consigo mesmo, se acham feios, muitos chegam a se tornar cegos sobre suas características que são muito belas…

Outro exemplo é um paciente que nos procura porque está com dificuldade de relacionamento no trabalho e quando investigamos a fundo na terapia podemos constatar que ele possui um esquema disfuncional de Arrogo. Esse esquema o faz sentir-se superior aos outros, não demonstrando empatia ou preocupação com o que acontece com as outras pessoas, logo, o atrapalhando no dia a dia de trabalho.

Lembrando, quando um esquema é ativado isso acontece de forma inconsciente, nós não temos a menor noção de que estamos sendo influenciados por ele, a menos que façamos terapia para nos auxiliar neste processo.

Também é importante falar que existem pessoas que sabem do seu esquema mental, justamente porque já o percebeu ativado. No entanto, a sua consciência pode ter conhecimento da existência de um Esquema Mental, porém desconhecer sua origem… Não saber o pano de fundo que dá base para um esquema faz com que ele não seja resolvido e, portanto, continue influenciando sua vida… Mas, normalmente, quando o paciente vem para terapia ele não tem conhecimento sobre esses esquemas e nossa função como terapeutas é auxiliá-los nessa descoberta. Então, os objetivos da terapia é identificar esses esquemas, buscar sua origem e conhecer os gatilhos ativadores…

Vamos conhecer seus esquemas mentais? Vem pra terapia…

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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