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Esta foi a pergunta que uma leitora enviou ao meu site: “Psicólogo ajuda mesmo?”

Confesso que eu achei a pergunta bastante intrigante, porque muita gente pensa que terapia não ajuda. Essa descrença contribui para que muitas delas não procure ajuda profissional e sofra ainda mais com suas questões. Por isso, neste texto eu explico resumidamente as três linhas de abordagens (técnicas psicológicas) estudadas e utilizadas pelos psis nos consultórios e a pluralidade de questões envolvendo um atendimento psicológico que pode ou não impactar no resultado almejado.

Sobre a Psicologia, ela é a ciência que estuda o comportamento humano em suas diversas nuances, ou seja, se ocupa em compreender a relação do homem com a vida, consigo mesmo, suas relações, trabalho, etc. Especificamente sobre a funções mentais, os profissionais estudam a atenção, consciência, linguagem, inteligência, julgamento, raciocínio, personalidade, etc. Tudo isso funciona em constante interação com aspectos fisiológicos e sociais, formando o que chamamos de “ser humano”.

A ciência psicológica veio da filosofia que se ocupava das ideias, dos pensamentos, das reflexões sobre muitas questões da vida e do ser humano em específico. O que não veio da filosofia né? Com o passar do tempo novas formas de se compreender o ser humano também adentraram a esse universo e foi assim que as escolas mais conhecidas da psicologia vieram à tona. Estou me referindo às abordagens psicológicas de compreensão do ser humano, que para mim se divide em três grandes áreas: a psicanálise, o humanismo e o behaviorismo.

Explicação resumida sobre as escolas:

freud

Freud

Quem nunca ouviu a expressão: “Freud explica”. Certamente você já ouviu alguém falar ou recebeu alguma imagem do Freud nas redes sociais RS. Essa expressão virou quase que um mantra da psicologia no início do século XX, mas também hoje faz muito sucesso a partir do senso comum, ou seja, todas as pessoas gostam de se divertir com ela.  Freud criou a teoria da psicanálise, que estuda a existência do inconsciente e suas manifestações na consciência. A partir de suas análises clinicas, Freud identificou existir três personagens em nossa mente, sendo o Id, o Ego e o Superego. Esses três camaradas agem de forma síncrona em constante interação com o inconsciente. Da psicanálise surgiram outras escolas, como, por exemplo, a Psicologia Analítica (Carl Gustav Jung), a Psicologia de Reich e outras.

skinner

Skinner

O Behaviorismo é a união de abordagens que estudam o comportamento na psicologia. Com forte presença americana, atualmente se difundiu e também tornou-se uma das abordagens mais utilizadas pelos psicólogos, sobretudo no Brasil. Para os behavioristas tudo se deriva do comportamento, portanto, ele quem deve ser pesquisado na psicologia. Com o tempo, outras ideias foram sendo associadas ao comportamentalismo e hoje temos mais comumente profissionais que estudam a terapia cognitivo-comportamental criada por Aaron Beck, é uma junção da cognição (pensamento) com a análise do comportamento. Na teoria cognitivo-comportamental, nós somos os pensamentos que temos e são eles que ditam a regra no assunto sentimento e consequentemente o comportamento. Para esses terapeutas, primeiro você pensa, depois você sente e, por fim, se comporta.  Nessa abordagem se estuda a existência de crenças, pensamentos automáticos, processamentos cognitivos.

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Carl Roger

A abordagem humanista nasceu no meio do século XX e foi uma alternativa para os profissionais que tinham basicamente as escolas mais tradicionais citadas acima, psicanálise e behaviorismo. O humanismo compreende o ser humano em sua totalidade e foge da ideia de uma psicologia focada no adoecimento, trazendo contribuição para o pressuposto de uma psicologia positiva. Carl Rogers e Abrahan Maslow, são dois autores considerados os pais dessa abordagem e Rogers, inclusive, foi um dos psicólogos que mais contribuiu no assunto “empatia”. A Psicologia Positiva que tanto vemos por aí veio dessa abordagem e hoje é também uma teoria em ascensão.

Todo psicólogo que você procurar na clínica/consultório trabalha baseado em uma dessas três escolas, ou pelo menos, em uma escola advinda de uma dessas três linhas. Basicamente elas funcionam como uma forma de a gente compreender o funcionamento humano, sendo assim, entendendo a pessoa atendida e colocando em prática uma forma de atuação baseada nessa linha teórica. Cada escola pensa de um jeito, porém se respeita, porque o objetivo é auxiliar o ser humano em suas questões e não encontrar uma verdade absoluta. O ser humano é plural, logo, a forma de trabalhar com ele também precisa ser multiplica.

Se o psicólogo vai ajudar ou não o cliente isso depende de uma série de fatores, incluindo, o envolvimento do próprio cliente em si. Por exemplo, um cliente que é atendido por um psicólogo cognitivo comportamental provavelmente terá algumas tarefas de casa para fazer e se não realizá-las isso impactará no resultado ou o psicólogo terá que mudar a estratégia. Isso também acontece se o paciente não se envolver no processo e acabar não se abrindo para o terapeuta. Imagina só, não temos “Bola de cristal” RS, se o paciente não diz o que sente, o que fez, o que pensa, babou, só poderemos ouvi-los. Para muitos pacientes isso já é o necessário. Eu mesmo já passei por análise durante certo tempo e só ia mesmo para falar das muitas tarefas que eu tinha, era a demanda que eu levava na época para meu psicólogo.

O resultado de uma psicoterapia, às vezes, é muito sutil, pois cada pessoa elabora um conteúdo de uma forma. Pode acontecer de uma informação estar clara para o terapeuta, tipo na porta do gol RS, mas não adianta, se a pessoa não elaborar vai se manter neuroticamente repetindo o mesmo comportamento e o mesmo padrão de pensamento. Esse processo de elaboração é subjetivo, se o terapeuta expõe de forma abrupta pode o ego/Self do paciente se desestruturar e ele nunca mais voltar ao consultório. Aí já viu, nada muda para ele, às vezes até o sofrimento permanece.

O psicólogo (a) não trabalha somente com o auxílio de quem está em adoecimento psíquico, embora seja esta a ideia mais comum sobre o profissional da área. O adoecimento pode ser a chave de engrenagem para o profissional auxiliar o cliente a retornar ao seu estado tido como normal. Todavia, existem profissionais que se especializam em determinadas demandas que fogem a ideia de adoecimento, como é o caso do psicólogo que trabalha com desenvolvimento humano e também com a ótica mais organizacional, através por exemplo da orientação profissional. Trabalhar com Desenvolvimento Humano significa colocar em prática todas as teorias estudadas ao longo do cinco anos de formação para auxiliar no crescimento de todas as esferas da vida humana. Existem também os psicólogos que já atenderam tantos casos parecidos que se especializam somente naquela questão em específico.

Conhecer seu funcionamento, o porque pensa de determinada forma, as crenças que influenciam seus pensamentos, conteúdos inconscientes que rompem a consciência, tudo isso quando você não estiver adoecido, também pode te ajudar em muitos contextos. Conhecer mais sobre você, suas motivações, seus pensamentos, contribui para seus relacionamentos, ajuda compreender e acompanhar as mudanças que a vida tem proporcionado, auxilia no desenvolvimento profissional melhorando seu relacionamento, estipulando metas para crescimento de performance por exemplo, etc.

Então, respondendo a pergunta “psicólogo ajuda mesmo?”, eu digo que sim. Ajuda muito! Mas vários fatores são envolvidos no processo e isso não depende somente dele e da ciência psicológica em si. Além disso, o resultado de um atendimento também depende muito do serviço procurado pelo cliente, do estado psicológico dele, da motivação e envolvimento, etc. Você necessita de um atendimento porque tem uma doença psi? Ou você necessita de um psicólogo porque está vivendo algo que o incomoda? Neste momento você almeja melhorar sua performance profissional? Viu, são muitas formas de atuação do psicólogo, então os resultados também podem ser diferentes.

Por fim, se ainda existirem dúvidas, me escreva novamente ou rompa com o preconceito e faça um teste, procure um psicólogo (a). Pode acontecer de você gostar de se conhecer de verdade e isso vai impactar várias áreas de sua vida.

Se você deseja falar conosco ou está em busca de ajuda para si ou para alguém, clique aqui.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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