Psiquiatria, Psicanálise ou Psicologia?
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Um dia desses conversando com uma pessoa me peguei prestando atenção na linguagem gestual que ela transmitia no momento da conversa. Percebi que os gestos referentes ao que ela estava falando eram bastantes contraditórios e logo me recordei do livro de Pierre Well e Roland Tompakow sobre a comunicação não verbal através da linguagem corporal chamado “O corpo fala”.

Esse texto então tem o objetivo de  dividir com vocês resumidamente algumas ideias que aprendemos no livro.

A comunicação é um processo extremamente importante para nós seres humanos e embora exista a forma verbal e  não verbal de se comunicar, somos tendenciosos a utilizar mais a linguagem verbal em detrimento a linguagem não verbal. No entanto, a linguagem não verbal que transmitimos com nosso corpo grita o tempo todo e conhecer um pouco isso auxilia muito no processo de interação em grupo.

Você acredita que o corpo fala? Eu entendo que ele fala muito, isso porque estamos o tempo todo utilizando de nosso corpo para direcionar o contexto do que verbalmente estamos tentando transmitir.

Diferentemente da linguagem verbal, nosso corpo transmite a informação sobre como nos sentimos de forma inconsciente, ou seja, mesmo que você tente não compartilhar determinada informação, é possível que o receptor perceba através da análise corporal, uma vez que, nosso corpo entrega mentira, confirma informações, realça ideias que estamos tentando transmitir, etc.

Percebo que no ambiente empresarial é muito comum ouvirmos as pessoas falarem que o corpo fala, mas isso não  é um fenômeno do ambiente corporativo, em todas as esferas da vida humana o corpo está transmitindo sua linguagem de forma desenfreada. Por isso, a leitura desse livro é fundamental para o psicólogo, independente da área de atuação.

Conhecer gestos do corpo humano faz com que a convivência entre os diferentes se torne mais fácil, uma vez que, o transmissor da informação já desvenda à priori se o receptor está de acordo ou não com o que está sendo falado. Isso é muito útil em entrevista, seja ela para uma seleção de emprego, como também, para entendimento do caso do paciente no consultório.

Para explicar de forma didática sua teoria no livro os autores compararam nosso corpo com uma esfinge, ou seja, para ele temos a águia, o leão e o boi que completa a imagem do nosso corpo e cada um desses animais corresponde a um modelo de comportamento que colocamos em prática.

Esfinge:

CABEÇA = ÁGUIA – Significa nossa vida mental, a razão, o pensamento.

TÓRAX = LEÃO – A parte do leão está vinculada ao lado emocional do ser humano, por isso, se localiza próximo do coração, pois é o centro das nossas emoções.

ABDÔMEN = BOI – A parte do abdômen para os autores está ligada com a vida instintiva do ser humano, ou seja, todas as nossas necessidades básicas são sentidas por ali, como, por exemplo, fome e motivação para o sexo.

Cada animal acima representa na parte do corpo citada um determinado comportamento que é inconsciente. No livro “O corpo fala” de Pierre Well, ele apresenta inúmeras imagens para explicar de forma visual como os gestos corporais acontecem e mandam informações sobre nossas intenções mesmo que não tenhamos noção disso.

Não existe parte do corpo melhor que a outra para o processo de comunicação, ambas são importantes e fazem parte do processo de se comunicar.

É muito comum identificarmos cada um dos animais em nosso corpo. Percebam o movimento do homem ao colocar a mão na cintura com o dedo indicador apontando para baixo, conforme imagem a seguir. Esse sujeito pode estar tentando transmitir uma mensagem sensual de si através da ênfase na parte abdominal, ou seja, enfatizando o boi que é responsável pelo impulso sexual.

o corpo fala

Outro exemplo que reforçar a presença da ideia dos animais em nossa linguagem corporal é quando alguém quer se impor diante de outro e coloca o peito estufado para  frente, para transmitir a ideia de segurança, domínio, presença, etc. Pessoas que se portam gestualmente dessa forma normalmente são mais egocêntricas e narcisistas. Outro exemplo que reforça essa ideia é que pessoas que tem a postura correta dos ombros normalmente possuem boa formação do ego em detrimento aquelas que demonstram ombros recaídos.

A cabeça que representa o comando da vida psíquica também tem a divisão dos três animais nela mesma. Aqui no ocidente a análise da águia é muito mais comum que do leão e do boi, por isso, existe a divisão dos três animais também pela cabeça. Os olhos representam a águia, o nariz representa o leão e a boca representa o boi.

Alguns exemplos básicos sobre análise gestual:

* Sentar com a bolsa no colo significa que a pessoa não está à vontade no momento;

* Ficar com as mãos cerradas demonstram insegurança, por isso, existe a necessidade de fechá-la para sentir a sensação de segurança;

* Quando em uma conversa uma das pessoas cruza as pernas, a direção da perna que ficou por cima indica se essa pessoa está ou não interessada na conversa. Se a perna superior estiver direcionada para a outra pessoa indica que há interesse, do contrário possivelmente não há.

* O ato de respirar fundo transmite a ideia de pressão, forte emoção, por isso, enche o leão com ar.

O correto seria se houvesse concordância entre o que se fala e o que se transmite gestualmente, mas como a teoria desse livro é baseada no inconsciente que é fundamento da  teoria psicanalítica, o que os autores tentam demonstrar é que o inconsciente se apresenta através da linguagem não verbal mostrando exatamente o que se passa pela cabeça das pessoas.

Enfim, existem inúmeros exemplos no livro que ajuda a entender melhor os gestos e após a leitura identificamos com muita facilidade certos tipos de comportamentos e características nas pessoas, por isso, é um livro excelente e indico para todos os estudantes de Psicologia e aqueles que têm interesse em conhecer mais sobre o comportamento humano.

Para quem se interessar segue link do livro em PDF: https://docs.google.com/file/d/0B5CK2xfgallpeWJQMHpvY05DR28/edit?pli=1

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

3 Comentários

  1. Avatar Amanda Silva Botelho disse:

    Oi psicoligado me tira uma dúvida?

    Quando alguém anda sempre cabisbaixo significa que ela tem uma vida mental fraca?

    • PsicoLigado PsicoLigado disse:

      Oi Amanda, obrigado por acompanhar nosso site… vamos à resposta: Primeiramente é importante compreender o que você entende como vida mental fraca, pois certamente isso iria alterar minha resposta.
      As pessoas que andam cabisbaixa tendem a não manter uma postura correra dos ombros, ou seja, elas demonstram na parte do tórax seu sofrimento emocional que pode ser momentâneo ou característica de sua personalidade. Essa forma não ereta dos ombros indicam fortes sinais de má formação do ego, o que pode ser comprovado através de uma personalidade que demonstra insegurança, pouca iniciativa e as vezes até o quadro de psicopatologias graves, como, por exemplo, fobia social.
      Continue acompanhando nosso canal.

    • Amanda, excelente dia!
      Respondendo a sua pergunta, digo que não. Não é porque uma pessoa demonstra ter baixa autoestima que ela tem uma vida mental fraca. Esse termo de fato nem é utilizado nas ciências psis. De qualquer forma, entenda que qualquer pessoa tem potencial para mudar sua atitude quando desejar e isso demontra que ela não tem vida mental fraca… ok 😀

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