Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 9,3% da população brasileira sofre com algum Transtorno de Ansiedade (TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobias, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Estresse Pós-traumático e Transtorno de Pânico). Sendo assim, podemos afirmar com certeza absoluta que vivemos no país mais ansioso da América latina, por isso, é tão importante escrevermos textos como este a fim de auxiliarmos as pessoas no cuidado com sua saúde mental.
Sobre a ansiedade, ela é considerada uma emoção normal para nós humanos e assim como a alegria, tristeza, raiva, etc. tem o “porque” de existir. No entanto, apesar de todos nós sentirmos ansiedade, para algumas pessoas ela pode ser vivenciada de forma mais complexa, pois pode tornar-se uma patologia, ou seja, se transformar em uma doença da mente acarretando inúmeros desconfortos.
Muitos são os sintomas característicos da ansiedade, sendo o mais comum a “preocupação constante“, mesmo em situações que, à princípio, não apresentam risco algum a pessoa. Além disso, embora seja considerada um transtorno da mente, ela faz com que sintamos muitas coisas desagradáveis no nosso corpo, como por exemplo, dor de cabeça, irritação constante, dor (aperto) no peito (taquicardia), dor no estômago, tremedeiras nas pernas e mãos, tensão muscular, falta de ar, etc.
Nesse sentido, a ansiedade não incomoda apenas nossas funções psíquicas, mas também é responsável por desencadear muito sintomas físicos, e isso dificulta o diagnóstico precoce, pois antes de chegar a cogitar a existência de um transtorno de ansiedade o paciente normalmente passa por inúmeras outras avaliações e especialidades médicas até chegar ao profissional da saúde mental.
O tratamento da ansiedade é realizado por meio de psicoterapia com o psicólogo (a) e também terapia medicamentosa com o psiquiatra. Existem pessoas que conseguem controlar a ansiedade apenas com a psicoterapia que é um tratamento mais natural, porém muitas necessitam da intervenção de substância (os Ansiolíticos – Alprazolam, Bromazepam, Clonazepam, Fluoxetina, Risperidona, Sertralina, etc.), então o acompanhamento do psiquiatra também é fundamental. Entretanto, o uso de medicação apenas não resolve a questão, necessitando sempre do tratamento com a psicoterapia.
“Embora a medicação seja o modo mais comum de tratamento do TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada (Issakidis, Sanderson, Corry, Andrews e Lapley, 2004) e seja muitas vezes considerada uma primeira opção de tratamento (Katzman, 2009), as evidências do impacto clínico ao longo do tempo da farmacoterapia são limitadas (Davidson, Bose, korotzer e Zheng, 2004). A magnitude da mudança nos sintomas de TAG associados a tratamento farmacológico (remédios) vai de moderada a baixa (Hidalgo, Tupler e Davidson, 2007). Além disso, as intervenções farmacológicas podem produzir efeitos colaterais adversos (Katzman, 2009) e têm uma relação custo-benefício pior do que as abordagens psicoterapêuticas… (Heuzenroeder et al., 2004)”.
Na psicoterapia analisamos todo o contexto de vida do paciente e além de trabalharmos com as questões psicológicas envolvidas no adoecimento em si, também trabalhamos com mudanças de hábitos que possam impactar positivamente a vida do paciente, por isso, a seguir apresentamos cinco dicas que podem auxiliar quem sofre de ansiedade e normalmente dividimos isso ao longo das consultas.
¥ Gaste mais tempo com pessoas que você ama – Conviver com pessoas que amamos é sempre muito bom. Acontece que às vezes a vida fica tão corrida que acabamos por deixar de lado algumas experiências positivas e simples como de almoçar em família, brincar com as crianças, sair para ir ao cinema com melhor amigo (a), etc. Sabemos que na atualidade a internet nos proporciona falar com muitas pessoas que gostamos, mas essa facilidade muitas vezes acaba também por nos afastar dessas pessoas. Sair com elas, rir de coisas sem sentidos, definir novos planos, tudo isso contribui para a sensação de bem estar e portanto ajuda a diminuir o estado de tensão que a ansiedade provoca.
¥ Preste atenção nos pensamentos que você anda tendo – Nossos pensamentos têm a capacidade incrível de alterar nosso estado de humor. Apesar disso, por ele ser um processo psicológico meio que automático nosso, acabamos por não darmos o devido valor as consequências que ele pode causar em nós. Um pensamento pode ser apenas um pensamento e não uma verdade absoluta, portanto, fique atento ao que está pensando e questione a veracidade desses pensamentos. Em momentos de muita ansiedade, inúmeros pensamentos tomam a mente até mesmo sem nos darmos conta e a consequência é o aumento da tensão, a preocupação excessiva, o medo de perder algo ou a falta de habilidade para resolver a questão. Portanto não se esqueça, duvide de tudo, até mesmo daquilo que você pensa.
¥ Invista em autoconhecimento – Se autoconhecer é saber seus limites, conhecer seus medos e anseios, reviver sua história para apontar momentos críticos que contribuíram para você ser quem é hoje. Se autoconhecer é deixar de viver como consequência neste mundo para se tornar autor dessa história que só termina de ser escrita quando partimos daqui. Se autoconhecer proporciona aceitar em você aquilo que outros não aceitam e aprender a lidar com tudo o que incomoda.
¥ Faça atividades físicas – Já foi comprovado os benefícios das atividades físicas para a saúde mental, em especial para pessoas com transtornos de ansiedade. Movimentar o corpo ajuda na produção de serotonina, o neurotransmissor que dá sensação de prazer e bem estar, por isso, qualquer atividade com movimentos pode contribuir, como por exemplo, caminhadas, academia, brincadeiras com as crianças, passeios com os Dogs, enfim, qualquer atividade que faça você deixar o sedentarismo.
¥ Analise sua vida – Muita gente deseja se sentir bem, porém tem uma vida prá de lá de complicada. São romances difíceis, trabalhos exaustivos, isolamentos sociais, desorganização da rotina em geral, tudo isso e muitas outras coisas podem ajudar no desenvolvimento de um transtorno de ansiedade. Então reflita sobre sua vida, o que precisa mudar, o que precisa ficar ou partir, quais novos hábitos você precisa criar pra se sentir melhor e quais hábitos podem deixar de existir… Enfim, reflita sobre sua vida…
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