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Essa dúvida recentemente passou a rondar a cabeça de muitos pais, tendo em vista que é muito comum jovens e adolescentes passarem horas utilizando aparelhos de tecnologias, como, celulares, tablet’s e computadores (notebooks ou desktops) e consequentemente terem impactos negativos por causa do uso excessivo da internet, desenvolvendo até patologias como depressão e fobias sociais. Digo que foi recente a preocupação porque até muito pouco tempo utilizar a internet e o próprio computador era tido como positivo, sinônimo de avanço no saber, significava que o jovem estava pronto para o mercado de trabalho. Sem contar que a própria revolução da informação é algo bastante recente historicamente.

Mas algo mudou, de positivo o uso da internet passou também a preocupar tamanha as interferências que ela trouxe para a vida do ser humano, por isso, é um assunto muito importante na esfera “Psi”. Hoje, em pleno século XXI, todos os psicólogos necessitam estudar os fenômenos e as implicações do uso da internet no comportamento humano, pois muito dos problemas dos clientes que procuram o serviço de Psicologia advém dessa nova maneira de se comportar socialmente, inclusive, problemas conjugais cada vez mais tem sido influenciado e impactado pela rede.

Você já parou para pensar que muita gente hoje não se relaciona direito ou até tem dificuldade no trabalho por causa do uso em excesso da internet? Se não, eu te digo que isso está se tornando algo mais comum que você imagina…

Passar horas em frente do computador e não querer socializar com pessoas presencialmente, se conectar nas redes sociais e não conseguir dar mais atenção às pessoas em volta tamanha a preocupação com as informações online, se sentir triste por não está conectado, não conseguir concluir tarefas porque se prende aos conteúdos virtuais, demorar para entregar uma demanda por ficar toda hora olhando os aplicativos, não conseguir se concentrar em uma atividade se quer, viciar em sites pornográficos, etc. Muitas são as questões que o vício da internet pode desenvolver, trata-se de um novo fenômeno especificamente da sociedade contemporânea e certamente necessita de muitos estudos, pois o impacto é profundo na vida, inclusive, na esfera profissional.

Alguns pesquisadores têm se debruçado a compreender este fenômeno e boas teorias sobre o tema já são aceitas no universo acadêmico. Baumam e Greenfield são uns dos autores que têm pesquisas neste tema e os utilizaremos como referência a seguir.

Baumam (1925-2017), pesquisador que nos deixou há poucos dias, trouxe inúmeras contribuições para compreendermos os impactos da internet na vida humana. O autor dizia que o uso da rede resulta em relações breves, superficiais e descartáveis. Isso acontece porque na rede tudo é homogêneo, ou seja, você acessa e é instigado a consumir sempre algo que gosta, com assuntos de seu interesse, faz amizade com amigos em comum, etc. isso contribui para que permaneçamos on line. No entanto, quando nos deparamos com o heterogêneo, o diferente, simplesmente ficamos off line. O que na vida real não é possível, a rede (internet) proporciona a nós. Não significa que hoje já não nos relacionamos mais, não é isso, mas sim que nossas relações estão tomando novos rumos, tendo novas configurações e isso tem se tornado o novo padrão de comportamento. Essa mudança na conduta não é um fenômeno apenas para os jovens, mas para todos que são diretamente influenciados por ela.

Para Greenfield, o comportamento em decorrência do uso da internet pode se tornar patológico e há todas as características para efetivação de um diagnóstico. A internet é muito propícia para o vício, pois ela funciona como uma ferramenta de adição, ou seja, contribui para termos acesso a tudo que desejamos, porém sem sermos pressionados pela sociedade, sem censura moral e sem proibição. Assistir um vídeo pornográfico na internet é livre, é sigiloso, quem se utiliza desse método senti prazer sem que ninguém saiba, sem precisar de ninguém presente fisicamente. No passado haviam julgamentos, pois para assistir um vídeo neste segmento era necessário ir até uma locadora de vídeo que, de certa forma, já propiciava um julgamento do funcionário que iria atender e isso inibia muita gente de consumir este tipo de produto.

Além dos conteúdos que temos acesso através da internet (que são muitos rs), conseguimos também fazer o controle do tempo, coisa antes impossível. Como exemplo podemos citar a televisão, pois foi durante muito tempo o meio de entretenimento da família e que apresenta seus programas em horários específicos presos a  uma grade. Na rede conseguimos controlar o tempo porque diferente da TV nós podemos ir dormir e assistir o que quisermos depois, pois temos acesso a tudo na hora que queremos e podemos escolher mesmo à distância nos mantermos conectados.

A maior dificuldade da atualidade é definir exatamente o que seria normal e patológico neste contexto, visto que as pessoas vivem conectadas. Mas, para efeito de diagnóstico o profissional “Psi” pode se utilizar de alguns critérios de dependência que auxiliam sobremaneira na identificação do problema, sendo eles:

  • Produção de prazer, alteração humor e consciência;
  • Uso excessivo;
  • Traz impacto negativo para uma área da vida;
  • Presença de aspecto de tolerância e abstinência;

É muito importante frisar que compreender a internet sob o ponto de vista patológico é equipará-la a outros comportamentos aditivados pela compulsão como a compra e o roubo. Sendo assim, a internet também pode ocasionar abstinência e como se trata de algo novo na sociedade, muitos comportamentos durante período de interrupção do uso podem ser tidos como uma síndrome de abstinência

Enfim, é interessante refletir e reforçar que a internet e o uso das tecnologias advindas delas não são uma maldição para a humanidade, mas sim que se tornou um problema pela forma como passou a ser utilizada e a importância que passou a ter para a vida. Ter o mínimo de conhecimento sobre a questão é fundamental para saber como agir diante da situação que já é presente nos consultórios de Psicologia.

Para quem por ventura se identificou com algum detalhe do texto e estiver precisando de mais informações ou de ajuda, o site a seguir pode ajudar: Dependência de Internet.

Até o próximo texto!

Se você deseja falar conosco ou está em busca de ajuda para si ou para alguém, clique aqui.

 

 

 

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

1 Comentário

  1. […] celular por exemplo. Todavia, já existem critérios para isso e você pode encontrar no texto (Afinal, a internet vicia?). Ainda assim, é importante frisar que o acompanhamento é sempre a melhor alternativa, sobretudo, […]

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