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👉Minuto Reflexão:

👉 Certa vez atendi um casal que chegara às últimas na terapia. Normalmente é nesse estado que nos procuram, ali a última cartada está posta diante de nós, “se não mudar agora, nos separamos”.

👉 Mediante esse fato a terapia seguiu seu curso, inicialmente atendo os dois separados e depois juntos. Então no dia em que marquei a primeira sessão nenhum dos dois quis esperar o dia de cada um, havia uma necessidade de ambos em estarem ali juntos, abri exceção, mas procurei saber o motivo.

👉 A esposa diz que nunca faziam nada separadamente, ele confirma a versão. Estranhamente guardei na minha caixinha essa informação e segui meu trabalho. Minha indagação foi respondida na sessão seguinte quando a atendi, e confirmada na outra com ele. O medo de ambos estava na possibilidade de um falar mal do outro para mim e não estarem ali para se defenderem.

👉 Seguido isso, a sessão inteira ela reclamou dos defeitos do seu parceiro, ele fez o mesmo quando na sua vez.

👉 Em doze anos de convivência, será que não havia restado uma qualidade?

👉 A vida de um casal que se submete a viver no mesmo teto é rodeada de desafios diários, por isso, muitos fogem do casamento. Os anos passsam, os filhos chegam, os boletos não esperam, os desafios de dar conta de um lar, educar os filhos e ainda sim trabalhar fora estão cada vez mais interferindo na vida do casal. Não há mais espaços para os sorrisos bobos, qualquer defeito, por menor que seja, é aumentado pela ótica do cansaço, das cobranças e pela falta de tempo, e a cada dia que passa acumulam os defeitos e esses ficam muito bem guardados em uma caixinha toda especial.

👉 Todos os dias cada um faz o checklist antes mesmo do dia acabar. No meio de tantos desalentos do casal uma atitude positiva não consegue fazer efeito, porque há mais cobranças do que tudo. E quando questionados sobre qual a qualidade do cônjuge as respostas são sempre as mesmas: “ele é um bom pai”, “ela cuida da casa como ninguém”, “ele não deixa faltar nada”…

👉 As respostas são sempre desviadas para o papel de pai e mãe. São raros os homens que olham sua parceira enquanto mulher e também as mulheres muitas vezes não os enxergam como seu homem. Essa intimidade não está mais presente como no início dessa relação, ela está agora perdida entre as obrigações desses papeis sociais impostos e a idealização do parceiro(a) que se queria ter. O que resta agora são apenas ressentimentos e a grama “perfeita” do vizinho.

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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