O dia em que sonhei com meu próprio suicídio.

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Eu me chamo marisa e esta é a história de quando eu sonhei com meu próprio suicídio.

Dia 27 de dezembro de 2019, uma sexta-feira, eu deitei pra dormir me sentindo estranha. Havia dois meses do término do meu noivado e eu já estava saturada de tanto chorar. Já conseguia seguir a vida “normalmente”, embora ainda sentia que ela estava meio sem sentido. Nada de diferente havia acontecido naquela sexta, mas a sensação de que algo estava pra acontecer martelava em minha mente, parecia uma premonição.

Assim que deitei liguei o celular e fui ler algumas notícias. Descobri que a primeira dama Micheli Bolsonaro iria fazer uma cirurgia e que a economia havia apresentado sinais de melhoras, embora o número de desempregado ainda fosse alto. Depois de alguns minutos desliguei o celular e fui para a Netflix procurar algo pra assistir, vi muitas opções, mas não decidi por nenhuma delas, parecia “tudo mais do mesmo” e, passado alguns minutos, adormeci.

Acordei no meio da madrugada me sentindo tonta. Peguei o celular na mesinha ao lado da cama e conferi a hora, era 03h. Além da tontura uma tristeza profunda me consumia. Minha garganta apertava, meu peito doía e em meio a esse desconforto eu fiquei refletindo sobre a vida, sobre as coisas que eu já fiz e as que deixei de fazer, sobre o bendito casamento que não aconteceu. Foi uma sensação estranha, eu tentava me conectar com minha própria dor, mas a tonteira era forte e me impedia de compreender ao certo meus sentimentos, parecia que eu estava perdendo os sentidos.

Em alguns momentos a angústia aumentada e eu esticava meus braços no lençol acariciando-o e, ao mesmo tempo, apertando-o com força. Parecia que a vontade erra morder o tecido e rasgá-lo com meus próprios dentes a fim de extravasar aquela dor.

Me mantive com os olhos fechados por um bom tempo… Não queria ver a escuridão e lembrar que a vida era feita de tanta tristeza. Nas poucas vezes que ousei abri-los, percebia a escuridão como uma espécie de viagem infinita para a morte. Era como se ela estivesse me chamando e lá no fundo eu encontrasse uma saída.

Depois de ficar mais ou menos 1h ruminando a ideia de que não havia mais justificativas para eu continuar aqui, pensei que partir poderia ser uma alternativa melhor. Ali mesmo, na cama, comecei a pensar em como fazer isso. Eu queria ir mais tinha medo de sofrer. Chorava pensando no pior, na dor, na possibilidade de ficar com sequelas e isso era horrível. Me perguntava em pensamento repetidamente “o porque ele fez aquilo comigo… o porque me trocou por outra…”. Até que de repente me veio coragem não sei de onde, parecia que não era eu, era uma força que me impulsionava a levantar. Assim, levantei decidida ir em direção à cozinha, mas quando eu abri a porta do meu quarto eu acordei.

Que sorte a minha, tinha sido apenas um pesadelo.

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Nenhum de nossos contos retratam o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que levam pessoas a procurar terapia/psicoterapia.

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Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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