Vamos cuidar de todos.
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Isso que você tem sentido ao longo da Pandemia é medo.
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É inegável a gravidade da situação que o mundo tem vivido nos últimos meses, também é inegável perceber que alguns estão terrivelmente amedrontados, por outro lado é perceptível que para alguns e nota-se um número considerável de pessoas esteja levando a situação com um teor humorístico, ingênuo, ignorante talvez. E foi exatamente por essa última questão que desde o início da quarentena passei a refletir bastante sobre. Já chorei, rezei me desesperei e continuo me indagando, mas, sobretudo, me permitindo viver um dia de cada vez.


A OMS (Organização da Mundial da Saúde) tem tentado nos manter informados sobre as notificações possíveis que chegam até eles e sabemos que esse trajeto é complexo e por vezes falho. Assim, diante dessa complexidade o melhor é pecar por excessos. Alguns estão tentando se cuidar como podem fazendo uso dos chamados EPIs (equipamentos de proteção individual).


Mas se tem algo que essa quarentena nos trouxe foi à ociosidade (para alguns) e é justamente nesse tempo que notamos um maior crescimento de interações sociais na internet. A gente vê de tudo por aqui, mas o que sem dúvida tem maior foco são os “memes”, temos a capacidade de fazer piada com tudo. Para alguns isso pode soar de várias formas, inclusive ofensiva.


Somos um povo diferente em vários aspectos. Pra começar, estamos ainda no rol dos países subdesenvolvidos, e por isso acostumados a ralar muito para alcançar nossos objetivos, nada vem de graça, carregamos alguns aspectos dos guerreiros e dos heróis. E em nosso imaginário social impera a força, e também a capacidade de resiliência e talvez essa seja uma das nossas maiores características para lidar com problemas difíceis.


É só lembrar o teatro, dos filmes, da arte como um todo. A arte tem o poder arquetípico de satirizar duras realidades que vivemos no cotidiano e ela faz isso com mais leveza. Ela assim como o mito organiza a realidade a partir das experiências sensíveis, explica de outras formas e desse jeito ela age nos compensando , narra uma história passada pra compensar alguma perda, prejuízo e nos oferece uma visão estabilizada da natureza e da vida comunitária. Tudo isso carregamos enquanto nação, é uma das nossas maiores marcas enquanto sujeitos mergulhados em anseios e medos. E assim simbolizamos nosso caminho em busca de soluções, mas sem deixar de lado nosso humor, porque, aliás, ninguém é de ferro. Esse é nosso jeitinho, jeitinho brasileiro de ser.

Iranir Fernandes
Iranir Fernandes
Iranir Fernandes ψ - Psicóloga (CRP 05/54281), Palestrante, Escritora e Pós Graduanda em Psicologia Junguiana. Tem experiência de atendimento individual, casal e orientação de família. Trabalha com a abordagem Analítica de Carl Gustav Jung em atendimentos presenciais (Rio de Janeiro) e Online. Coautora do livro "A mulher negra e suas transições".

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