Eu senti meu peito doer e pensei que ia enfartar, mas algo me lembrou da maldita ansiedade que poderia estar novamente me mostrando as coisas bagunçadas dentro de mim. Eu já havia sentido algo parecido no passado e por isso fiz terapia por algum tempo e fui acompanhado pelo psiquiatra, mas não levei muito a sério esse tratamento, desisti de tudo e investi no esporte. Funcionou bem, eu pensei mesmo que estivesse curado daquela maldição, mas sinto de novo essa dor no peito e isso me angustia.
Meu nome é Peterson, tenho 29 anos e vou contar pra vocês como meu segundo psicólogo caiu de paraquedas na minha vida.
Bem, eu fiquei sentindo essa dor por muito tempo, parecia que ela tinha grudado em mim ou queria conversar comigo. Eu penso assim porque lembro do antigo psicólogo falando: “tudo o que sentimos serve para nossa reflexão”. Naquela época isso fazia o menor sentido, mas depois que parei a terapia refleti e acho que faz sentido sim, em alguns casos. Quanto à dor, ela ficou comigo por um bom tempo e cada vez mais intensa, por isso eu me desesperei…
De tanto medo de morrer por negligência decidi procurar ajuda médica. Eu precisava constatar o que havia de errado comigo, porque eu tinha a certeza de que algo estava mal no meu coração, por isso eu me consultei com um cardiologista. Após o médico investigar meu histórico de saúde, pedir alguns exames e avaliar os resultados, me disse: “- você não tem nada, procure um psicólogo”.
– Como assim eu não tenho nada? E tudo isso que eu sinto, é simplesmente nada? [Questionei.]
O médico foi firme na resposta e novamente reforçou que organicamente eu não tinha nada por isso ele não poderia me ajudar.
Eu fui pra casa consternado. Um sentimento de inutilidade, fraqueza e raiva de mim mesmo surgiu. Como aquela dor poderia ser criação da minha mente? Aceitá-la parecia coisa de outro mundo… Eu não me conformei com o encaminhamento daquele médico. Eu não aceitei estar sofrendo com transtorno de ansiedade de novo.
Por tamanha resistência decidi pesquisar sobre o tema no Google e encontrei muita informação, a maioria falava dos sintomas psicológicos e emocionais, mas não encontrei nada explícito sobre dor e técnicas para a cura. Eu não concordava com o diagnóstico de ansiedade porque eu sentia dor no peito e ouvia as pessoas falarem sobre aperto no peito. Então, o que acontecia comigo era diferente, eu sentia tanta dor a ponto do meu peito parecer explodir. Era impossível ser apenas ansiedade.
Eu fiquei em busca de respostas por cerca de oito meses, agendei e desmarquei inúmeras novas consultas com outros cardiologistas. Fiz aulas de meditação com professor de yoga, intensifiquei minhas atividades físicas, e durante esse tempo tive altos e baixos quanto às dores no peito. Li muito sobre a ansiedade, tanto na Internet quanto em livros que comprei, mas no fundo a dor continuava comigo.
Passado quase nove meses do encaminhamento do cardiologista eu marquei consulta com um novo dentista e algo de muito hilário e inesperado aconteceu. Eu não o conhecia, só sabia que o dentista era um homem, pois havia agendado pelo whatsapp da secretária e não diretamente com ele. No dia da consulta, quando já estava no andar do consultório, confundi o número da sala e apertei a campainha da porta ao lado. Em seguida um homem me recebeu, sorriu pra mim e me convidou pra entrar. Estranhei pela roupa, pois normalmente os dentista usam traje específico e o profissional estava de roupa normal. Entrei e percebi mesmo algo de errado. Ele pediu pra eu sentar e antes de isso acontecer questionei se eu estava num consultório odontológico e o profissional respondeu: – Não, aqui é um consultório de psicologia, eu sou o psicólogo psicólogo Maicon.
Percebam, por ocasião do destino eu fui parar no sofá de um psicólogo. Que loucura! [Eu pensei quando percebi o equívoco e ao mesmo tempo a coincidência] Quando nos demos conta da confusão rimos juntos, mas logo eu disse que precisava também de um psicólogo e aquilo tudo poderia ser um sinal do divino. A confusão toda aconteceu porque ele também esperava um novo paciente, então foi muita coincidência eu aparecer justo na hora que o outro paciente estava pra chegar.
Por sorte ele tinha um horário vago depois desse atendimento e o paciente verdadeiro chegou minutos depois desse ocorrido. Quando eu terminei a consulta com o dentista troquei de sala e fui falar novamente com o psicólogo e assim eu retomei minha jornada com a terapia para o tratamento da ansiedade.
Foi um momento muito importante, pois de verdade eu conheci coisas sobre mim que parecia não fazer o menor sentido nas primeiras sessões, mas com o passar do tempo descortinou inúmeras questões da minha vida como um todo.
Depois de algum tempo visitando aquela sala errada eu consegui fazer as pazes com a ansiedade e aos poucos foi passando a dor no peito. Hoje eu faço psicoterapia online porque me mudei de país, mas permaneço em acompanhamento trabalhando outras questões da minha vida.
Tem coisas que a gente não entende na vida… e o inicio da minha terapia foi assim, inesperado…
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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