Todo ser humano tem uma História, e esse processo é natural e automático. Antes de entendermos a teoria de Jean Piaget, vamos conhecer um pouco sobre a sua História. Certamente vocês perceberão como o entendimento sobre sua vida explica suas teorias.
Nascido em 09 de agosto de 1896, Jean Piaget é considerado um grande nome para a psicologia do desenvolvimento. Filho de um Historiador especialista em literatura medieval e de uma mulher inteligente e dinâmica, conforme as fontes, ele foi durante sua infância, um menino prodígio. Desde pequeno ele se interessou pela natureza e aos onze anos publicou seu primeiro artigo científico sobre o comportamento de uma andorinha em um parque.
Muitos artigos foram publicados por ele dos quinze aos dezoito anos. Um artigo em especial lhe rendeu o convide para ser curador do Museu Natural de Genebra, mas ele não pode aceitar devido a sua idade que também não era conhecida pelos responsáveis pelo convite.
Por intermédio de seu padrinho se interessou por filosofia e especialmente por epistemologia (estudo do conhecimento). Após algum tempo pesquisando sobre biologia e filosofia, percebeu que ambas as ciências não respondiam o problema sobre o conhecimento humano e entendeu ser a psicologia a melhor ciência para fazer ligação entre a biologia e a epistemologia.
Aos vintes anos se graduou em ciências naturais e dois anos mais tarde obteve o grau de doutor em filosofia.
Durante sua carreira profissional ele trabalhou com Binet, autor do primeiro teste de inteligência, além desse período ter sido influenciado pelas ideias de Freud e Jung. Ainda enquanto trabalhava com Binet, Jean não gostava de ter que ficar tabulando as respostas certas para observar o grau de inteligência das crianças e foi ai que iniciou o processo para as ideias de sua tese sobre o desenvolvimento infantil. Piaget se interessou pelas respostas erradas e chegou à conclusão de que a maneira de pensar é diferente de idade para idade (qualitativa X quantitativa).
Para entender suas teorias Piaget teve um laboratório em casa, seus três filhos serviram de observatório e foram peças fundamentais para a criação de suas teorias. Em muitos dos livros que escreveu, diversas citações são direcionadas ao comportamento de seus filhos.
É notório que na escrita de Piaget e em suas teorias identificamos termos próprios da biologia, isso se explica porque qualquer pesquisador traz consigo a natureza de sua formação, assim como eu trago termos de História sempre que realizo alguma pesquisa científica.
A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget é muito conhecida pelos profissionais da educação, em especial os pedagogos. Ela se divide em duas partes importantes (assimilação e acomodação), mas é importante entendermos outros conceitos que fundamentam sua teoria:
Conteúdo: É aquilo que o indivíduo pensa seu modo de agir e resolver problemas. Este conceito não foi considerado tão importante por Piaget.
Estrutura: Termo biológico que explica a transmissão hereditária de estruturas físicas. É no processo de interação com o ambiente que a criança desenvolve estruturas psicológicas.
Função: Herança de tendências básicas ou funções invariantes como: adaptação e organização.
Para Piaget a inteligência de uma pessoa é caracterizada pela organização e adaptação que ela faz das situações. A adaptação é responsável pelas mudanças nas estruturas intelectuais.
No processo de adaptação ocorrem a assimilação e a acomodação que funcionam conforme abaixo:
Biaggio:
“Piaget diz que a atividade intelectual visa sempre um estado de equilíbrio. No entanto, uma vê que já houve a acomodação, e o ovo esquema já foi exercitado, assimilando vários objetos, há também um estado de desequilíbrio, exemplificado pelo tédio da criança em relação a um brinquedo com que já está muito familiarizada. A tendência então é a de procurar novos estímulos aos quais vai se acomodar e o processo continua sempre neste circulo.”
A acomodação acontece após a assimilação, é quando ocorre o equilíbrio daquilo que se sabe e as novas informações.
Os estágios do desenvolvimento humano na teoria de Piaget:
1º Estágio sensório-motor;
2º Estágio pré-operacional;
3º Estágio das operações concretas;
4º Estágio das operações formais;
Estágio sensório-motor (até os 24 meses): Neste período a criança percebe o ambiente e age sobre ele. O próprio nome do estágio explica o processo, pois a criança não consegue abstrair informações, sendo assim ela só sente e se movimenta (reação).
Piaget entende esse estágio fundamental para o desenvolvimento intelectual futuro. A criança nesta fase precisa ser estimulada pelos adultos para conseguir um melhor desenvolvimento cognitivo. Suas ideias foram fundamentais para findar a noção de que a atividade intelectual começa aos sete anos.
Estágio pré-operacional (2 anos aos 6 anos): O estágio pré-operacional é marcado pelo desenvolvimento da capacidade simbólica. Esse período a criança não se prende somente as sensações de seus movimentos, mas também já conseguir distinguir um significador.
É interessante frisar que sobre este estágio pesquisadores afirmam que crianças bilíngues tem maior capacidade de simbolismo porque aprende desde cedo a distinguir o significado das palavras para mais de um conceito (mais de uma palavra para designar um objeto).
Há neste período uma explosão linguística que amplia de 270 palavras para mais ou menos um repertório de 1.000 palavras, compreendendo mais 2.000 ou 3.000 palavras.
As crianças nesta fase ainda se comportam de acordo com várias características que citarei, mas sugiro maior pesquisa para entendimento dos seguintes conceitos: egocentrismo, raciocínio transdutivo, confusão entre causa e efeito, animismo e antropomorfismo.
Estágio das operações concretas (7 anos aos 11 ou 12 anos): Nesta fase a criança já possui capacidade de organizar assimilativamente equilibrando a acomodação.
Piaget começa a falar sobre operações e por isso utiliza o termo pré-operacional, operações concretas e operações formais.
A criança nesta fase consegue entender sobre conceito de classes, relações e quantidade. É um período muito rico em que a criança absorve muito conhecimento.
As características desse período são (sugiro maior pesquisa): Melhor entendimento sobre tempo e espaço, raciocínio indutivo, noção de quantidade, reversibilidade.
Estágio das operações formais (11 anos aos 15 anos): É o período onde o adolescente consegue ser crítico das próprias ideias. Há pensamento em termos abstratos, formula hipóteses e consegue testá-las.
Uma característica para descrever este período é o raciocínio lógico, pois é capaz de pensar em possibilidades.
Para finalizar, é interessante enfatizar que as teorias de Piaget foram bastante criticadas por terem poucas definições operacionais. Houve crítica também por ter usado método clínico e ter formulado sua teoria com poucos casos. Apesar de todas as críticas, os grandes pesquisadores reconhecem a importância que suas teorias para as pesquisas do desenvolvimento humano.
Fonte: BIAGGIO, A.M.B. Psicologia do desenvolvimento. 22 ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
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