Sei que, de uma maneira geral, todo mundo gosta de se sentir aceita. E eu também já fui assim, desde muito nova…
Me chamo Isis, tenho 26 anos, e vou contar pra vocês como eu aprendi a valorizar de fato somente quem me valoriza.
Como eu estava dizendo, é normal a gente desejar ser aceita. Acho que todo mundo pensa assim. Se sentir bem junto às pessoas que convivem conosco é maravilhoso. A gente fica confortável, motivada, se sente acolhida, e isso é muito bom.
Na minha vida pessoal eu vivo assim com meus pais e irmãos. Nós somos em cinco lá em casa, eu, meu pai, minha mãe e dois irmãos homens mais velhos. Somos todos muito unidos e isso é realmente bom demais.
Quando eu procurei pela terapia estava mal por causa de amizades. Naquela época, pensava que aquilo tudo dentro de mim era bobagem, mas não conseguia parar de me sentir daquele jeito. Toda vez que refletia sobre a situação me vinha uma sensação de desprezo e descaso e, automaticamente, afetava minha autoestima. Com o tempo, fui me percebendo cada vez mais triste e o jeito foi mesmo procurar ajuda.
Na verdade, todo esse problema foi em decorrência de duas amizades. Eu cresci com duas primas que regulam a idade comigo e sempre fomos amigas. Como lá em casa eu tinha dois irmãos homens, desde pequena minha mãe me levava para casa da minha tia e lá eu brincava com elas, a Thais e a Luana.
Até meus 15 anos, a casa delas praticamente era extensão da minha casa. Existia uma parceria entre nós muito legal. Me lembro de ter crescido passando as férias ou os finais de semanas inteiros na casa da minha tia com essas primas. Lá eu tinha até parte separada no guarda-roupa de tanto que ia. Me sentia em casa mesmo.
Tudo começou a mudar durante o ensino médio, porque eu decidi estudar numa escola federal em outra cidade e meu tempo ficou mais curto. Eu continuei a visitar a casa da minha tia, mas com menos frequência e, devido à rotina de estudo pesada, preferi estudar em casa porque lá tinha mais privacidade no quarto que era só meu.
Logo quando parei de ir com tanta frequência pra casa dessa tia eu percebi um certo distanciamento, mas imaginei ser coisa da minha cabeça. No entanto, com o tempo, essa ideia foi se firmando e cada vez mais a gente se via e se falava menos. Apesar disso, eu me esforçava como podia para me manter presente na vida delas, seja visitando ou até mesmo interagindo à distância pelo celular, mas isso foi ficando cada vez mais cansativo porque eu não sentia reciprocidade.
Quando eu comecei a faculdade tudo piorou. Nessa época, já fazia uns cinco anos que nosso relacionamento estava diferente e sem entender ao certo o que rolou eu comecei a me sentir mal a ponto de procurar a terapia.
Eu não sei se vocês já passaram por uma situação como essa ou parecida, mas posso afirmar que é muito ruim você gostar de alguém e ficar pensando que essa pessoa não se importa mais contigo. Para mim foi uma experiência muito difícil.
Até hoje eu fico lembrando do quanto eu era bem recebida por todos na casa da minha tia, do quanto eu me sentia em casa. Como eu disse, lá eu deixava até coisas pessoais guardadas em uma parte do guarda-roupa, ninguém mexia porque sabia que eram minhas. Minha tia agia como se fosse uma segunda mãe.
Ao certo eu não sei o que aconteceu…
Eu cheguei na terapia me questionando sobre isso. – O que eu fiz? Aonde eu errei? Por que não gostam mais de mim?
Lembro de ter ficado certo tempo tentando encontrar respostas pra essas e outras perguntas e no final das contas não encontrei, porque para isso era necessário conversar com essas pessoas e elas estavam distantes. Além disso, já não existia mais proximidade e abertura para procurá-las, então eu realmente não sei o que houve.
Assim, em meio à essa limitação e distanciamento, eu fui refletindo e percebendo ser mais interessante valorizar quem estava ao meu lado, querendo viver a vida comigo e não quem estava distante, e não se preocupava mais comigo.
Às vezes a vida é assim, algumas pessoas chegam e ficam e outras chegam e se vão. Isso não significa que eu não goste mais delas, ou até que elas não gostem mais de mim, significa apenas que a gente seguiu caminhos diferentes e nos afastamos.
Hoje me sinto melhor pensando assim e valorizando quem eu tenho ao meu lado. Claro que ainda existe uma interrogação na minha cabeça, porém colocar energia nela não me ajudou por um bom tempo, por isso decidi mudar…
Hoje eu visito quem me visita. Hoje eu me divirto com quem quer se divertir comigo. Me sinto mais feliz assim…
Nenhum de meus contos retrata o caso de algum paciente atendido por mim. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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