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Imagem de Majaranda do Pixabay

Aquele amor era tudo pra mim… Tínhamos uma conexão de almas, de corpos, era inexplicável. Tudo isso permanece vivo aqui dentro do meu coração. Eu me chamo Helena, tenho 48 anos, sou contadora, e vou contar pra vocês como passei a sofrer ao receber qualquer tipo de cartas dos correios.

Imagem de PublicDomainPictures do Pixabay

Eu e Virginio já tínhamos sido namorados no início da vida. A gente se reencontrou depois de quase 20 anos do término. Quando namorávamos, lá na época da faculdade, eu tive a certeza de estar ao lado do homem da minha vida, mas, infelizmente, devido à dificuldades daquele momento e também nossa maturidade, acabamos rompendo a relação, o que foi bastante traumático para os dois.

Depois desse término cada um seguiu seu caminho. Eu logo mudei de cidade, saí de Vila Velha no Espírito Santos e vim para o Rio de Janeiro. Ele permaneceu lá porque trabalhava com o pai num comércio familiar. E assim nossas vidas tomaram rumos diferentes, mas seguiram, cada um a seu jeito… Com o passar dos anos os dois conheceram outras pessoas e se envolveram, casaram, tiveram filhos e, por conta de inúmeras questões, se separaram.

Imagem de Werner Sidler do Pixabay

Mas o destino nos prega peças né? Em 2013, depois de quase 20 anos distante, sem nos falarmos, sem notícias um do outro, a gente se reencontrou por acaso numa praia aqui no Rio. Era um domingo, o dia estava lindo com um sol maravilhoso, eu tomava sol com algumas amigas e me divertindo muito, quando de repente, alguém por detrás toca meu ombro e pergunta:

– Oi! Você é Helena???

Na hora eu tomei um baita susto, mas ao me virar reconheci imediatamente. Na verdade, ele quem me reconheceu imediatamente e eu nem acreditei naquilo…

Esse reencontro foi marcante. Parecia que não tinha se passado os 20 anos. Eu senti instantaneamente aquele frio na barriga de novo, aquela vontade de sorrir, e minha amigas perceberam logo de cara. Dali até a gente reatar nosso romance foi coisa de uma semana e depois não nos desgrudamos mais.

Foi tudo mágico… De verdade, foi muito bom mesmo. Novamente eu senti todo aquele frio na barriga da minha juventude e aquele sentimento de acolhimento, de conexão, algo que nunca mais havia sentido.

Depois de 4 meses namorando a gente decidiu ir morar juntos. Já estávamos com mais de quarenta anos né, chegando aos cinquenta, já nos conhecíamos, então não tínhamos muito tempo a perder e a gente queria viver tudo que perdermos com o afastamento. Logo, montamos uma casa pequena numa vila em Madureira e nossa casa, nosso cantinho, tinha cheiro de lar porque transbordava muito amor.

Com nosso reencontro nós passamos a viver de verdade. Nós conseguimos unir nossos filhos. Parecia que a família sempre tinha sido daquele jeito. Todos se davam muito bem, se divertiam, tinham amizade, parceria e respeito. Os domingos eram sempre bastante agitadas com todos reunidos em casa. Vivíamos literalmente um sonho. Um amor que eu desejo pra todos. De verdade, nós éramos muito felizes, até que Virginio se foi.

Imagem de un-perfekt do Pixabay

Ele partiu dessa vida de supetão. Saiu pra trabalhar e ao descer do ônibus foi atropelado por um motoqueiro que tentava ultrapassar o ônibus. Ele teve uma morte instantânea e levou consigo não só meu amor, mas também minha alegria.

Eu tive que iniciar psicoterapia porque comecei a deprimir. É difícil aceitar perder seu amor justamente quando tudo parecia estar bem. Foram tantos anos distante para chegarmos até aqui e dar nisso… Eu fiquei e ainda me sinto sem chão… arrasada…

Hoje, toda vez que recebo uma carta em seu nome eu choro. Eu ainda não tive forças pra trocar o nome das contas de energia, de gás, e toda vez que elas chegam em casa eu sinto muito…

Eu sofro uma dor difícil de curar… Remédio algum dá conta. Ficou um vazio na minha alma.

 

Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.

Se quiser falar conosco ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém entre em contato.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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