Uma história sobre acreditar no horóscopo do dia.

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Todo dia quando amanhece a primeira coisa que eu faço é abrir o aplicativo do horóscopo pra ver a previsão do meu signo. Essa leitura é um ritual sagrado na minha vida, mas hoje eu também faço uso da terapia. Meu nome é Juliana, tenho 25 anos e vou contar pra vocês um pouco da minha história.

Desde a minha adolescência eu leio sobre signos do zodíaco. Sempre achei o máximo perguntar as pessoas qual era seu signo ou sua data de nascimento e fazer logo um checkup sobre a vida dela rs. Eu penso que os signos falam muitas coisas sobre nós, porque é impossível que aquilo tudo não seja verdade. Ele acerta praticamente todas as minhas análises.

Eu sou germiniana raiz. De traz pra frente, de cima pra baixo, até do lado avesso eu sou germiniana rs. Tenho dúvidas até se eu devo continuar lendo o horóscopo… brincadeira rs. Brincadeiras a parte, essa sou eu.

Se você não sabe, o horóscopo explica sua personalidade analisando a posição do sol, os planetas e as constelações exatamente na hora do seu nascimento. Legal demais isso. Eu acho muito muiiiiiito interessante!  

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A primeira vez que li sobre meu signo foi um divisor de águas pra mim. Eu estava na sétima série do ensino fundamental, tinha 12 anos e fui pesquisar por curiosidade. Na época eu estava apaixonada por um menino da escola e quis saber se éramos compatíveis rs. De acordo com o signo não éramos. Eu fiquei frustrada, mas ao mesmo tempo aliviada porque alguma coisa me ajudou a decidir se eu continuava ou não pensando nele rs. Lembro que nessa época eu sofria horrores por causa dessa paixonite e a leitura dos signos me ajudou. Desde então escorpianos nunca mais se aproximaram de mim, até três anos atrás quando eu conheci o Thiago e tudo virou de cabeça pra baixo rs.

Eu me formei em contabilidade na Universidade Federal de Santa Catarina. Ingressei no curso com 18 anos e saí de lá com 23. Eu conheci o Thiago no meu último ano de curso e me senti literalmente um tanso. Pra quem não sabe, tanso significa burro ou burra. E foi assim que eu me senti. 

O Thiago me envolveu numa relação meio que de gato e rata. Eu gostei dele de verdade, mas também odiei. Vivi esse mixe de emoções durante o tempo que estivemos juntos e foi nessa época que comecei a fazer terapia. Ele era envolvente, atencioso, detalhista, isso tudo e mais um pouco me motivava a ficar com ele.

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Eu precisei de ajuda porque comecei a me sentir mal em gostar de um cara que eu sabia não ser o ideal pra mim. Pela primeira vez em anos eu demorei a ler sobre a compatibilidade dos signos, fui fazer quando já estava apaixonada. Aí você já sabe, foi só ladeira abaixo porque eu não aceitei que a relação daria errado e comecei a me senti muito mal, a me cobrar por ter que fazer dar certo e me tornar expert em mudar comportamentos dos signos.

Em minha mente passava coisas do tipo: “Será que ele vai me deixar…?”, “Eu não tenho mais certeza se os signos são confiáveis…”, “Será que eu sou boa o suficiente pra ele…?”, “Ele é ciumento assim porque me ama ou é por causa do signo…?”, “Será impossível incentivar a mudança comportamental de um signo…?”. Eu analisava tudo… ficava com dúvida o tempo todo, cada hora um tinha uma resposta diferente pra isso tudo.

Bem no auge dessas dúvidas ele cismou de me questionar sempre se eu o amava e minha angústia já estava tão grande na época que eu comecei a me esquivar de responder. Pra mim, confessar meus sentimentos iria ajudar a fortalecer o que eu sentia e meu medo era tudo ruir e eu ficar mal. Dúvidas… dúvidas… e mais dúvidas… Germiniana né rs…

Na terapia meu terapeuta nunca me incentivou a deixar de ler o horóscopo, mas ele sempre me pergunta sobre o quanto esse conhecimento fala de mim e eu comecei a refletir sobre isso. Não vou falar pra vocês o que venho descobrindo, só digo que faz muito sentido e, embora o signo me ajude a entender algumas coisas, eu reconheço hoje a importância de minhas decisões para o desenrolar da minha vida.

Quanto ao Thiago, ele ficou na minha vida por um ano. De carta forma foi por pouco tempo, mas o necessário pra eu saber que não daria certo mesmo. Eu ainda acredito na incompatibilidade dos nossos signos, mas hoje também penso ter sido porque ele me cobrava muito, era inseguro e isso me fazia mais insegura ainda na relação.

Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.

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