Eu conheci o Duda em Jundiaí, num show da dupla Jorge e Matheus lá na Zelt Club. Eu estava solteira fazia dois anos, solteira mas não sozinha, não confunda… durante esse tempo eu até fiquei enrolada com alguns boys. O Duda tinha saído há pouco tempo de um relacionamento longo e nos encontramos no show porque tínhamos amigos em comum. Meu nome é Adriana, tenho 25 anos e vou contar pra vocês a minha história de amor com o Duda e o início da terapia.
Eu gosto muito de perfume e só saio de casa depois de borrifar duas vezes atrás da orelha. Entenda, eu borrifo duas vezes, uma só não basta. Gosto de estar cheirosa, de pensar que as pessoas possam se sentir agradáveis com meu cheiro. Sei que isso é coisa da minha cabeça, mas eu gosto de ser cheirosa.
No dia em que eu conheci o Duda a Amanda foi me pegar de carro em casa e na correria pra me arrumar, justo porque tinham milhares de ligações dela me apressando, eu acabei borrifando apenas uma vez. Me dei conta disso quando o carro virou a esquina e a Amanda disse: “O que houve? Você não está tão cheirosa como sempre…”. Eu me toquei que havia passado menos perfume que de costume e pedi a ela pra retornar em casa rapidinho, mas ela disse que isso era bobagem e não voltaria. Lembro dela brincar insistentemente: “Calma amiga, você tá com um cheirinho bom aí… vai dá pra você dar uns beijinhos lá”. Eu desisti porque ela é cabeça dura demais e não adiantaria eu insistir.
Quando chegamos na Zelt Club, uma galera já estava lá nos esperando. Tinha por volta de umas 12 pessoas entre amigos e conhecidos de amigos, e no meio dessa galera toda estava o Duda.
Eu fui pra festa animada pra beijar na boca. Como eu disse, eu estava solteira há dois anos e apesar de não ter ficado sozinha esse tempo todo, naquele dia parecia que eu estava meio que na fossa. Não sei o motivo certo, mas logo que eu cheguei em frente a casa de show percebi que a maioria das minhas amigas estavam acompanhadas e curtindo uma vibe romântica e só eu e mais outra menina lá estávamos sozinhas, além do Duda e do amigo dele, o Daniel.
Pra encurtar a história, no meio da noite eu comecei a conversar com o Duda e ali a gente ficou pela primeira vez. Não sei explicar exatamente o motivo pelo qual eu gostei dele, mas, de modo geral, eu o achei muito envolvente, ele tem um beijo gostoso, um abraço delicado, ele é diferente. Depois dessa nossa primeira ficada nós passamos a nos falar praticamente todos os dias, pois começamos a viver algo bastante intenso.
Eu gostei de tudo no Duda, exceto uma coisa: Ele era muiiiiiiiiiiito ciumento. Todos os encontros com ele não eram normais como meus antigos relacionamentos, praticamente antes de ele me cumprimentar como todo namorado faz, com carinho, essas coisas, ele primeiro olhava minha bolsa, fazia uma vasculha no meu celular pra depois me abraçar e a gente seguir o ritual de namoro.
No começo eu achei esse comportamento dele estranho, mas ao mesmo tempo, carinhoso. Eu nunca havia namorado um cara assim que se preocupava em me perder, então, quando comecei a me relacionar com o Duda me sentia a última bolacha do pacote, meu ego inflava e eu me sentia segura ao seu lado. Sabe aquele receio de perder a pessoa a qualquer momento? Então, com o Duda isso nunca me passou pela mente.
Com o passar do tempo nosso namoro ficou cada vez mais sério. Nós estávamos pensando em ficar noivos e minha paixão por ele só aumentava. Ele também retribuía em afeto, dedicação e também muito ciúmes, mas não me incomodava. Meus amigos pontuavam isso, a Amanda por sinal vivia me chamando de trouxa dizendo que eu era capacho dele, além de diversas vezes falar que tinha medo de suas atitudes.
Apesar da ciumeira, nossa relação era boa, me atendia pelo menos, e o único problema que tivemos me levou à terapia. Esse problema ainda não se resolveu. Eu ainda não consigo me imaginar longe do Duda, sinto como se tivessem roubado um pedaço do meu coração. Sabe, não existem mais os telefonemas matinais, as mensagem perturbadoras me questionando aonde estava, eu me sinto sozinho de verdade, abandonada mesmo.
Esse desencontro todo aconteceu porque o Duda me viu conversando com o amigo da minha irmã na rua. De verdade, eu encontrei o menino na hora do meu almoço e ele só me parou pra perguntar o endereço do meu dentista, eu falei o endereço e ele seguiu. Acontece que naquele momento o Duda passou de carro com um amigo e nos viu conversando. Na mesma hora ele me ligou questionando aonde eu estava e com quem. Eu disse que estava na rua indo almoçar e estava sozinha, e isso foi o suficiente pra ela entender que eu estava mentindo. Quando nos encontramos à noite novamente ele me perguntou com quem eu estava e quando ouviu a mesma história se enfureceu e me atacou com uma tesoura.
Foi uma situação difícil. Ele me acertou no braço e me machucou, mas eu corri e consegui me esconder na casa de uma amiga na rua. Ele saiu da minha casa correndo e sumiu por uns dias. Meus pais me levaram pra delegacia pra registrar um boletim de ocorrência e eu só fiz isso por insistência deles. Eu queria mesmo era conversar com o Duda, acertar as coisas, penso que ele fez aquilo tudo por amor.
Depois de dois dias sem notícias dele eu mandei uma mensagem no whatsapp: “Ôh Duda, volta seu safado. Volta que eu perdoo a tesourada :(“. Ele não recebeu a mensagem…
Por causa desse meu desejo em retomar a relação meus pais me levaram ao psicólogo, pois pra eles essa minha vontade não faz sentido. No entanto, como eu disse, o Duda me ama muito e eu ainda não consigo entender sua atitude como um fim. Ele se descontrolou com a possibilidade de eu estar com outra pessoa. Ele me ama.
Meu psicólogo pediu pra eu ler sobre o tema “relacionamento abusivo” e não estou animada com isso não, mas vou permanecer na terapia, minha mãe diz que preciso… Eu só vou continuar porque eu gosto de poder falar lá com ele sem julgamentos, porque em casa e com os amigos todos me acham louca mesmo.
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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