Autoconhecimento, Empoderamento e Saúde Mental.

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Imagem de himanshu gunarathna por Pixabay

Hoje em dia o tema empoderamento está na moda. Se você fizer uma pesquisa rápida na web vai encontrar inúmeros trabalhos e profissionais se intitulando especialistas no assunto e prometendo te ajudar alcançá-lo de inúmeras formas. Mas, será que “conquistar” esse tal “empoderamento” é tão simples assim? Acredito que não.

A conceituação do termo empoderamento ainda é complexa, visto que ele tem sido utilizado para determinar coisas diferentes em contextos diferentes. Por empoderamento podemos compreender a possibilidade de aquisição de poder ou emancipação econômica e, apesar dessa visão por si só já ser bastante abrangente, ela é importante e demarca inúmeros grupos sociais. Não obstante, numa perspectiva mais ampla, pode significar a conquista de autonomia de inúmeras formas e talvez seja esse significado o mais compreendido e disseminado socialmente.

Imagem de Free-Photos por Pixabay

Sobre sua aplicabilidade pessoal, existe uma armadilha no desenvolvimento do empoderamento que ocorre de modo inconsciente e confunde todo o processo o transformando em sombra. Isso significa que ao invés de a pessoa desenvolver sua personalidade para alcançar autonomia, ela se prende à alguns estereótipos e vive como se eles fizessem parte dela, quando na verdade não são.

O perigo está aí. Em saber exatamente o que faz sentido e o que parece fazer sentido, porque muitos comportamentos de fato empoderam, mas muitos também apenas levam a pessoa a permanecer dependente de algo pra ter a falsa sensação de um ego forte, e isso nada mais é que um ego inflado.

A indústria da beleza está aí pra provar o quanto ela pode dar uma falsa sensação de felicidade e manter inúmeras pessoas aprisionadas a um estereótipo que mais as faz sofrer que produz bem-estar. Claro que existem casos e casos, não podemos generalizar todas as experiências, mas se a aparência não for causadora de um trauma de fato, até que ponto ela vai resolver sua falta de empoderamento? É isso…

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Por isso, enfatizamos que o processo de empoderamento atravessa o autoconhecimento e não é um processo simples. Não se trata se reformular algumas crenças limitantes e pronto. Pra alcançar um empoderamento que não é decorrente de um ego inflado, é necessário mergulhar em si pra conhecer os motivos da submissão, da dependência emocional, da baixa autoestima, da insegurança, etc., e isso tudo demanda tempo e investimento pessoal.

Autoconhecimento é uma experiência pessoal e promove saúde mental porque nos ajuda a entender os motivos pelos quais a gente é o que é, para a partir daí poder mudar. Todo processo em saúde, até mesmo a saúde física, tem um pressuposto psicológico envolvido que nos faz seguir em direção a uma melhora ou não. Esse processo diz respeito a nossa forma de encarar as experiências e a visão que temos de nós mesmos, que atravessa nossa história de vida e só o autoconhecimento pode nos ajudar a buscar por uma melhora sabendo exatamente qual é a melhor direção a seguir…

Então, se somos inseguros, dependentes emocionalmente, temos baixa autoestima, etc., precisamos de um trabalho mais profundo pra nos ajudar a dar conta disso tudo porque mudar essa visão que temos de nós não é simples. A falsa noção de mudança rápida tem levado muitas pessoas a viverem o oposto do empoderamento. Na verdade, como falamos, elas permanecem dependentes de uma muleta pra viver, com pouca autonomia, escravas de uma coisa, uma pessoa, um objeto externo que dê a sensação de mudança e valorização que ela mesma não consegue enxergar e acreditar em si.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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