Sobre passar a desconfiar de todos e a desacreditar no amor…

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Eu desci do ônibus e corri ao encontro dela. Dei um abraço forte, um cheiro no pescoço e pensei: – É o melhor abraço que eu podia ter. Isso foi o que veio em minha mente em um de nossos encontros no Rio de Janeiro…

Meu nome é Wellington e hoje eu vou contar pra vocês como eu passei a desconfiar de todos e a desacreditar no amor….

Eu morava no interior do Estado do SP na época, e tinha uns amigos e primos no Rio que eu conhecia desde a época da infância porque passava as férias na casa de uma tia que morava em Nova Iguaçu, lá no RJ.

Em 2010, eu estava solteiro fazia uns 3 anos e essa galera do RJ insistia de que eu precisava arrumar alguém. O último relacionamento que eu tive tinha durado 2 anos e terminamos em 2007 por uma traição por parte dela. Eu fiquei bem mal, mais por ter terminado dessa forma, porque já não estava mais animado com a relação, eu tinha já minhas duvidas se gostava ou não dela.

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Apesar da dúvida, quando terminamos eu pensei que superaria rápido, mas as coisas aconteceram de forma diferente. Eu me senti sozinho, largado e desprezado. Fiquei com baixa auto-estima, e comecei a descontar tudo na bebida e me tornei um cara desconfiado, sempre achava que tinha alguém querendo me passar a perna. Na época, eu bebi tudo o que pude e fiquei na fossa por uns bons meses, até que minha mãe marcou uma consulta com o psicólogo e eu fui, assim iniciei minha peregrinação em prol de me autoconhecer. Isso já tem algum tempo e eu continuo indo às sessões semanalmente.

Bem, então em 2010, a galera do RJ cismou de me apresentar uma garota que eles conheciam lá da cidade deles. Como eu disse, eles sempre insistiram que eu precisava encontrar alguém, diziam toda vez no grupo do whatsapp que eu tinha que arrumar uma namorada pra desenferrujar rsrs… e assim foi.

Como eu estava em São Paulo e eles no Rio, decidiram me apresentar a menina pela internet. Primeiro eles me mandaram a foto da mina eu eu fiquei óhhhhhhhhhhhh, apaixonado claro. A mina era mó gata, eu olhava toda hora aquela foto pra ter certeza se eu estava sonhando né rs. Parecia maluquice da minha cabeça, mas eu olhava toda hora mesmo rs… Me peguei várias vezes pensando:

-Meu, não é possível que essa gata vai se interessar por mim…

Como eu disse, vinha de um momento de bastante baixa auto-estima e desconfiança, então isso refletia em tudo, inclusive em possíveis novos relacionamentos. Bem, eu gostei da mina de cara e pedi meus primos pra ajudar no lance porque eu não tinha coragem pra ter a iniciativa. Assim, eles passaram uma foto minha pra ela e, claro que eu eu escolhi a melhor que tinha né rs, daquelas que você gosta e repete em todas as suas redes sociais rsrs.

Depois dessas trocas de fotos eles passaram o contato dela pra mim e eu mandei uma primeira mensagem:
-Oi.
E ela respondeu:
-Oi
Na hora meu coração gelou e eu fiquei uns 05 minutos pensando o que falar. Me sentia como um adolescente mesmo tendo 32 anos na carcaça. Mas, depois desses 5 minutos rompi o silêncio:
– Eu sou o primo do Fernando. Ele passou seu contato pra mim, e sua foto também rs.
Ela prontamente respondeu:
– Sim, eu também.

Nesse primeiro dia a gente se falou por quase 6 horas sem parar. Me lembro de colocar o carregador do celular numa extensão pra andar com ele dentro de casa sem precisar me desligar do what’sapp nem por 01 minuto.

Assim ficamos conversando por mensagens, falando através de videoconferência, por alguns dias, meses, até que decidimos engatar um namoro à distância.

Era tudo muito novo pra mim e, ao mesmo tempo, muito bom. Eu me apaixonei por ela fácil. Apesar de namorarmos à distância, parecia que eu estava com ela sempre. Quando acordava a primeira coisa que eu fazia era falar com ela e não conseguia dormir sem dar um tchau…

Em 10 meses de namoro eu fui pro RJ encontrar com ela umas 4 vezes. Eu ficava na casa do meu primo e de lá me encontrava com ela. Ela era aluna de agronomia na Universidade Rural do Rio de Janeiro, então a gente se encontrava sempre nos finais de semana porque durante a semana ela morava no alojamento da faculdade. A gente se falava mais à noite também e aos finais de semana quando ela ia pra casa dos pais dela. a internet do alojamento era muito ruim, então durante a semana a gente se falava mais por mensagem.

Por volta dos 11 meses de namoro começou a pensar mil coisas na cabeça sobre o tal namoro à distância. Comecei a imaginar que ela ia fazer igual minha ex-namorada, que poderia me trair na faculdade, que estava me traindo quando demorava pra me responder no whatsapp, que ela deveria ter outro cara na faculdade. Enfim, minha cabeça começou a dar um nó só. 

Lembro de uma vez ter insinuado que ela estivesse dando ideia pra um cara que estudava na mesma sala, só porque eu o vi  próximo dela numa foto. Era muita maluquice da minha cabeça, eu estava vendo coisas aonde não existia. A gente brigou feio, quase terminamos, eu senti muito mal por aquilo. Lembro de ela jogar na minha cara de estar comigo há mais de 10 meses eu nunca ter reclamado do namoro ser à distância.

Ela estava certa, eu passei a ir pra terapia falar dessa maluquice. Meu terapeuta por diversas vezes disse que eu estava sofrendo pelos pensamentos que eu tinha e não por uma verdade porque eu não sabia de nada, mas mesmo assim era difícil parar com aqueles pensamentos. 

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No auge da minha neura, eu procurei no youtube vários vídeos sobre como clonar um celular pra poder acompanhar tudo o que ela fazia ao longo da semana. Eu encontrei uma forma e fiz isso num fim de semana em que nos encontramos. Foi uma atitude muito arriscada, mas minha desconfiança era grande demais… era muito ciúmes…

Eu fui pra casa já do ônibus conseguindo saber o caminho que ela seguia. Me sentindo um rei no controle de tudo. Assim eu fiquei calmo por uns 3 meses, até que o pior aconteceu. 

Lembro como se fosse hoje, o telefone tocou uma vez às 09h43min. Abri o celular e tinha várias mensagens dela dizendo:

-Está tudo acabado entre nós. Eu não acredito que você teve a cara de pau de instalar um aplicativo pra me monitorar. Se não existe confiança entre nós, não existe nada…

Eu fiquei gelado na hora. Entrei em desespero e comecei a pedir desculpe, suplicar pelo perdão dela:

-Por favor me desculpe. Eu gosto muito de você. Ficar longe tem me feito muito mal, eu fico pensando muitas coisas que eu sei que não são verdades. 

-Não existe a menor chance de eu manter essa relação Wellington, você pisou na bola feio. Se não confie em ninguém fique sozinho. 

Ela foi firme na sua decisão, terminou sem olhar pra trás. Me deixou novamente sozinho e triste. Eu fiquei arrasado.

Lembro que fui à terapia naquela semana parecendo um morto-vivo. Meu psicólogo já sabia do que estava acontecendo e logo de cara já disse o que havia acontecido.

Eu me sentia a pior pessoa do mundo, e fiquei por umas 36 horas sem dormir acompanhando tudo o que acontecia nas redes sociais dela (Whatsapp, Facebook e Instagram).  Fiquei num looping trocando de rede sem parar. Destruído, arrasado, me sentindo a pior pessoa do mundo. Só vinha na minha cabeça que eu não daria certo com ninguém… Tudo havia confirmado minha hipótese de que eu não devia confiar mesmo em ninguém. Eu a amava e ela me deixou… Ninguém merecia mesmo o meu amor.

Mas, eu continuo em terapia…

 

Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.

Se quiser falar conosco ou se estiver à procura de ajuda para si ou para alguém, entre em contato.

Maicon Moreira
Maicon Moreira
Psicólogo Clínico (CRP 05/54280), Especialista em Psicoterapia Cognitiva e Doutor em Psicologia pela UFRRJ. Atua como Terapeuta Cognitivo comportamental e Junguiano. Tem formação em Terapia Cognitiva, Terapia do Esquema, e Terapia da Aceitação e Compromisso. Tem interesse nos seguintes temas: Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Analítica, Violência Psicológica, Saúde Mental e Autoconhecimento, Memória Social, História da psicoterapia e Formação do Masculino.

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