A vida sempre foi generosa comigo… eu venho de uma família pobre, mas tive muita sorte. Meu nome é Rose, tenho 43 anos, e vou contar pra vocês o que aconteceu comigo em 2013.
Vocês lembram das manifestações de 2013? Naquela época eu ainda trabalhava num banco, hoje eu estou afastada pelo INSS, graças à deus consegui dar essa pausa porque minha mente não está legal. Bem, eu trabalhava numa agência bancária que fica perto da prefeitura do Rio, numa rua paralela à Avenida Presidente Vargas, então acompanhei boa parte de toda aquela movimentação das manifestações.
Naquela época, quando as pessoas começaram a ir pras ruas, a gente não imaginou que tomaria aquela proporção toda. Lembro de termos que proteger a agência com madeira da mesma forma que fazíamos no carnaval, e também passamos a sair cedo todos os dias por causa da movimentação ao redor. Sempre quando dava umas 14h30min a gente precisava ir pra casa porque as ruas ficavam tomadas de pessoas alvoroçadas.
Em meio àquele furacão todo rolou algo que me marcou, eu sofri um sequestro relâmpago. Tudo aconteceu quando eu saí mais cedo da agência num daqueles dias de manifestação.
Lá aonde eu trabalhava pra acessar a garagem do prédio eu tinha que sair pela porta da frente da agência e entrar por uma porta lateral, numa rua menos movimentada. Naquele dia, os bandidos me viram sair da agência, me seguiram até a entrada da garagem e me renderam. Eles estavam encapuzados como as pessoas da manifestação, então não chamaram atenção de ninguém, nem eu mesmo estranhei ao vê-los do outro lado da rua em frente à agência.
Assim que me renderam fomos em direção ao carro, eles me ameaçavam, me empurravam, e pegaram tudo o que tinha de valor, como meu relógio, um notebook e o dinheiro que estava na carteira, algo entorno de uns R$ 300,00.
Se eles tivessem pegado tudo e ido embora talvez não tivesse sido tão traumático. O problema foi ter ficado com eles por 30 minutos dentro do carro sendo ameaçada. Eles queriam que eu voltasse pra agência pra abrir o cofre, porém eu expliquei que ele era eletrônico e só abriria no outro dia. Nesse meio tempo, eles discutiam entre eles, colocaram uma arma na minha cabeça, falaram várias vezes que iriam até minha casa assaltar e matar minha família, foi a pior sensação que eu já tive na vida.
Depois de darem conta de que eu não poderia fazer o que desejavam, fizeram eu retirar o carro da garagem, pediram pra eu descer a uns 100 metros depois e ir caminhando na rua ao lado do sambódromo. Eles me seguiram de carro bem devagar. Naquele momento eu tinha a certeza que eles iam me matar, tudo dizia que sim, eu rezei o trajeto todo e olhei umas 3 vezes pra me certificar de que eles estavam mesmo atrás de mim. Por fim, quando chegaram na altura do prédio do museu, eles viraram a direita e fugiram com meu carro. Dali eu fui direto pra delegacia e depois peguei um táxi e fui pra casa.
Desde esse ocorrido minha vida não é a mesma… Eu coloquei trava de segurança na minha casa, passei a fazer trajetos diferentes no caminho casa-trabalho, alguns dias passei a ir trabalhar de táxi. O pior de tudo isso é que eu desenvolvi uma neurose que me faz pensar estar sendo perseguida por alguém o tempo todo. Sabe o carro andando atrás de mim bem devagar, e eu achando que iria morrer? Então, eu sinto isso todo dia, toda hora, em qualquer rua que eu esteja, em qualquer lugar. Às vezes é menos intenso, mas em alguns momentos eu simplesmente tenho quase ataques de pânico mesmo.
Comecei a fazer terapia este mês e tem sido uma experiência nova. Fiz 4 sessões e estou confiante. Tenho descoberto umas coisas sobre mim que nem eu mesmo lembrava e pensado bastante sobre esse maldito assalto.
Vai passar!
Nenhum de nossos contos retrata o caso de algum paciente atendido por nós. Trata-se de uma ilustração da vida cotidiana, de histórias que motivam pessoas a procurarem terapia/psicoterapia.
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