Atualmente muito se fala em práticas baseadas em evidências (PBE) na área da saúde, mas, você sabe o que isso significa? Em suma, podemos dizer que uma prática baseada em evidência seria uma técnica validada cientificamente, que só depois desse processo é colocada em prática ficando à disposição dos usuários.
A prática baseada em evidência é fundamental para melhoria das atuações profissionais, seja em que área for, sobretudo na área da saúde. Quando um profissional se baseia em evidências científicas ele está respaldado nas técnicas mais eficazes para os tratamentos que oferece, e isso significa maior segurança e resultado.
Em Psicologia, a prática baseada em evidência também é uma realidade e diversos pesquisadores da área propõem avaliar a eficácia de suas intervenções, sobretudo das psicoterapias, que são técnicas utilizadas para promover saúde mental, para oferecerem melhores resultados aos beneficiários.
Especificamente, a Psicoterapia Cognitivo Comportamental (TCC), é um sistema de psicoterapia baseado em evidência. Ou seja, seus protocolos de tratamento dos transtornos mentais são validados já alguns anos e sempre apresentam resultados significativos. Em muitos casos eles são considerados opção inicial para o tratamento de alguns transtornos e sua utilização concomitante ao tratamento medicamentoso proporciona resultados positivos.
Em 2014, pesquisadores da Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Tatiana Otto Stock, Márcio Englert Barbosa, Christian Haag Kristensen ), publicaram um artigo de revisão de literatura sobre possíveis alterações neurais como resultado da Psicoterapia Cognitiva (TCC). Esse dado é interessante, pois já se sabe o quanto a psicoterapia altera padrões de pensamentos, emoções e comportamentos, porém, mudanças no cérebro ainda são estudadas e isso contribui para certificação dos impactos da psicoterapia na saúde.
Infelizmente a terapia com psicólogos (a) ainda é vista com descrédito por algumas pessoas porque trabalha com aspectos subjetivos, os conteúdos mentais, e a comprovação de alterações nas estruturas neurais ajuda a ratificar a importância desse tratamento para melhoria de vários contextos. Assim, com o advento dos exames de imagem, é possível verificar a eficácia da psicoterapia por meio de mudanças significativas no biológico, ou seja, evidencia que o tratamento psicológico realizado por psicólogos proporciona alterações no cérebro humano.
Há evidências de que intervenções em psicoterapias produzem mudanças no tecido neural e nas conexões sinápticas (Stock, 2014, apud Callegaro e Landeira-Fernandez,2008). Isso mesmo, quando você vai ao psicólogo em busca de ajuda e ao longo do processo terapêutico é realizada a reestruturação cognitiva, as atividades de reflexão proposta pelos psicólogos auxiliam a mudar partes do seu cérebro. Isso é interessante e ao mesmo importante, porque quando se desenvolve um transtorno mental algumas áreas específicas do cérebro são acionadas, como o sistema límbico nos casos de ansiedade por exemplo. Logo, se a psicoterapia consegue alterar o tecido neural, significa que ela contribui para mudanças significativas não somente na mente, mas também no biológico que é afetado em caso de adoecimento.
O artigo cita seis estudos de diferentes pesquisadores sobre alterações neurais como resultado de intervenções psicoterápicas. Baseado nisso, é possível compreender que a psicoterapia cognitivo comportamental, que é um sistema de terapia com protocolos definidos para o tratamento de doenças mentais, proporciona mudanças cerebrais em área ativadas em casos de adoecimento da mente. Além disso, o artigo evidencia os resultados positivos da reestruturação cognitiva promovida pelos psicólogos que utilizam a TCC.
Segundo os autores, o sistema límbico e o córtex pré-frontal são as áreas mais afetadas pela psicoterapia. O sistema límbico é uma área específica que ativa emoções, e o córtex pré-frontal é a área responsável pelas funções executivas de pensamento e planejamento. A regulação emocional proposta em terapia seria então resultado de mudanças psicológicas e possivelmente neurais resultante do processo terapêutico.
Enfim, para concluir é importante ratificar que tais dados não são utilizados para desestimular outros tipos de tratamento, como o medicamentoso por exemplo. Na verdade, saber que a psicoterapia produz mudanças cerebrais é importante para embasar a prática clínica de nós psicólogos e também para reafirmar a importância da psicoterapia como prática necessária nos casos de tratamento dos transtornos mentais.
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